O cenário atual da dengue na Bahia foi debatido ontem, dia 27, em reunião do Fórum de Vigilância Epidemiológica realizada no Ministério Público estadual. Até o momento, mais de 19.400 casos da doença foram registrados no estado, número que, segundo os especialistas e técnicos da área, cresce diariamente e requer uma atuação eficiente do Estado, Municípios e de toda a população com ações de prevenção e controle. O encontro, conduzido pelos promotores de Justiça Rogério Queiroz, Patrícia Medrado, Rocío Matos e Cristina Seixas, buscou discutir problemas emergentes e apontar possíveis soluções. Os participantes foram unânimes em afirmar que o combate à dengue precisa ser reforçado e que "a doença é prevenível e o óbito é evitável”. Em 2024, foram registrados quatro óbitos pela doença no estado.
Segundo a representante da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), Sandra Maria da Purificação, a Bahia é o primeiro estado do Nordeste em número de casos de dengue e alcança a 15 posição do país. São 129 municípios em epidemia, alto risco, alerta ou com casos graves, disse ela. Salvador já contabilizou este ano 1.134 casos prováveis da doença, que, segundo os especialistas e técnicos, requer bastante hidratação. Nesse sentido, os promotores de Justiça solicitaram ao Estado e Município informações sobre o estoque de soro para atendimento da população e ambos afirmaram que o estoque está sendo reforçado com a aquisição de soro para uso em unidades de saúde. A representante da Sesab aproveitou a oportunidade para reforçar a importância da vacina e frisou que os resultados só serão percebidos a médio e longo prazos.Coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (Cesau), a promotora de Justiça Patrícia Medrado sugeriu que os Núcleos Regionais de Saúde passem a encaminhar os dados sobre os casos de dengue ao MP para acompanhamento e adoção das providências pertinentes. Outro encaminhamento da reunião foi sobre a necessidade de reforço no fluxograma de manejo clínico dos casos de dengue. Participaram ainda do encontro promotores de Justiça e servidores do MP, integrantes dos conselhos regionais de Medicina (Cremeb), Enfermagem (Coren), Medicina Veterinária (CRMVBA), Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems), Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindmed), secretários municipais de Saúde, dentre outros.Casos de esporotricose crescem na Bahia
Também têm crescido no estado os casos de esporotricose, que é uma micose subcutânea causada por fungo que habita a natureza e está presente no solo, palha, vegetais, espinhos, madeira. A doença pode afetar tanto humanos quanto animais e geralmente é propagada nos humanos pelo gato. Segundo Marcelo Medrado, da Sesab, a esporotricose é “um problema nacional, que vem se alastrando na Bahia, com as notificações crescendo muito em Salvador e região metropolitana”. Maria Teles, da Secretaria Municipal de Saúde, informou que o primeiro caso foi notificado em Salvador no ano de 2018 e, desde
então, já são 1.292 casos registrados na capital.A promotora de Justiça Cristina Seixas registrou a preocupação com o aumento do número de casos e assinalou que, sob a perspectiva ambiental, é preciso discutir a política de animais de rua, analisando como amenizar a questão do abandono e a dificuldade de manter a medicação desses animais. O desafio é “enorme”, afirmou ela, sugerindo a realização de campanha para esclarecimento e orientação da população, além da criação de Centros de Controle de Zoonoses.
Fotos: Sérgio Figueiredo