O engenheiro Chico França, do PL, abrigo partidário do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, vai ser o único candidato a prefeito de Itabuna 100% identificado com o campo ideológico da direita.
Digo 100% porque os outros prefeituráveis, como capitão Azevedo (PDT), o vice-prefeito Enderson Guinho (União Brasil) e o médico Isaac Nery, recém filiado ao PDT, que agora passa a ter dois prefeituráveis, são de partidos que fazem parte do governo Lula 3, ocupando ministérios.
O advogado Dinailton Oliveira, ex-presidente da OAB Bahia, ainda não tem legenda para disputar a cobiçada Prefeitura de Itabuna. É um ex-republicano, assim como Isaac Nery. Ambos deixaram o partido do deputado-bispo Márcio Marinho pelo mesmo motivo: a desconfiança de que o Republicanos iria apoiar à reeleição do prefeito Augusto Castro (PSD).
Com efeito, a Coluna Wense vem dizendo há muito tempo que o Republicanos caminharia com Augusto no palanque do segundo mandato. E como não existe almoço de graça na política seria recompensado com a titularidade de cargos no primeiro escalão do governo.
Neto Badaró é do PP, outro partido que dar sustentação política ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A figura mais importante da sigla é o todo esperto e poderoso Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. Lira é governo em qualquer governo. O parlamentar alagoano é o líder-mor do chamado centrão, do toma lá, dá cá.
Somente Geraldo Simões, gestor de Itabuna por dois mandatos, representa a esquerda na sucessão municipal. O ex-alcaide, no entanto, está bem longe do esquerdismo radical e inconsequente.
O prefeito Augusto Castro (PSD), que legitimamente busca o segundo mandato pelo instituto da reeleição, foi, quando então deputado estadual, um crítico mordaz do PT. Hoje é aliado do lulopetismo da Boa Terra.
Chico França, que é bolsonarista, mas não bolsomínion que fica puxando o coro "mito", "mito", "mito", é do PL do ex-chefe do Palácio do Planalto, que por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), instância máxima da Justiça Eleitoral, está inelegível.
A expectativa em torno de Chico é como ele irá responder a determinadas perguntas envolvendo Bolsonaro, mais especificamente em relação à pandemia da covid-19 e a tentativa de evitar a posse de Lula por um golpe.
Chico vai ser questionado sobre a atitude do então presidente Bolsonaro diante da pandemia e sua participação na tentativa golpista, cujas investigações apontam que Bolsonaro jogou na sarjeta o discurso das "quatro linhas", ferindo de morte a Lei Maior e o Estado democrático de direito.
Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que o golpe só não foi em frente por causa do posicionamento de alguns generais, inclusive com a ameaça de prender Bolsonaro caso insistisse na tentativa golpista.
Todos os adversários de Chico na sucessão municipal são da opinião de que o pré-candidato do PL jamais agiria como Jair Messias Bolsonaro, que foi extremamente irresponsável.
Concluo dizendo que Chico França vai precisar de muita sabedoria política para não causar nenhum tipo de atrito com a ala extremista e intransigente do bolsonarismo de Itabuna, a que ainda acredita que Jair Messias Bolsonaro é mesmo um "mito".
COLUNA WENSE, TERÇA-FEIRA, 19.03.2024.