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Bahia sem maquiagem

O fim de semana entre 15 e 17 de março foi o mais letal do ano em Salvador e região metropolitana. Entre sexta-feira (15) e domingo (17) foram 24 tiroteios com 31 baleados — 23 mortos e oito feridos. Teve mais gente baleada do que tiroteio.

Carlos Nascimento
Por: Carlos Nascimento Fonte: fogocruzado.org.br
13/04/2024 às 13h41
Bahia sem maquiagem

Isso diz muito sobre o que está acontecendo na Bahia e que, à exceção dos próprios baianos, pouca gente dá bola. A violência armada está em escalada. Há uma piora sistemática dos dados e, em paralelo, notamos a falta de ações efetivas para solucionar o problema.

 Comparados, os cinco últimos trimestres, de janeiro de 2023 até agora, revelam números altos da violência armada na região metropolitana de Salvador. Em gráfico, os dados formam quase uma escada — um trimestre é sempre mais alto que o anterior.

 Os números de 2024 são exemplo do que se passa na Bahia: tiroteios entre grupos armados — foram 30 de janeiro até agora; 168 tiroteios em ações policiais e 146 baleados (116 mortos) nessas ações. Os dois indicadores superam os números do mesmo período em 2023.

 A violência opera uma dinâmica notadamente pior em bairros cuja maioria da população é negra. Na região metropolitana de Salvador a segurança pública é desigual. Nem dá para imaginar uma ação que começa com policiais perseguindo um grupo armado e termina com esse mesmo grupo armado mantendo uma família inteira refém no bairro da Pituba.

 Os dados são checados, mas subnotificados. Em janeiro, publicamos nas nossas redes sociais que dos 116 mortos na RMS, somente 70 tiveram a raça identificada. Mas desses 70 identificados, 91% eram pessoas negras.

 O Estado precisa agir. É preciso repactuar a segurança pública da Bahia. O Estado também deve dar transparência aos dados da segurança pública. A população tem direito de conhecer a Bahia sem maquiagem.

Isso diz muito sobre o que está acontecendo na Bahia e que, à exceção dos próprios baianos, pouca gente dá bola. A violência armada está em escalada. Há uma piora sistemática dos dados e, em paralelo, notamos a falta de ações efetivas para solucionar o problema.

Por: Tailane Muniz

Coordenadora do Instituto Fogo Cruzado na Bahia

fogocruzado.org.br

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