ARTICULISTAS VIDA ESTRESSANTE
NOTÍCIA TRISTE
Com pesar informo no início desta manhã, por volta das 05:30h o nosso colega JOSE AUGUSTO, cometeu suicídio em sua própria residência por disparo de arma de fogo. O mesmo vinha lutando contra um quadro depressivo e com vários problemas de saúde e familiares .
14/05/2024 17h44
Por: Carlos Nascimento

Entristece-me quando vejo como no dia de hoje, 13/05/2024, ao olhar as notícias em um grupo do whatsapp, mais um Policial Civil cometendo o ato capital, pondo fim a sua história aqui na terra, pondo cabo a sua vida.

A única certeza que todos podem ter, sem medo de errar é que Deus nos concedeu o direito de vir a este mundo, e só a Ele cabe a hora e o momento de partirmos. Quando alguma pessoa tira a própria vida, sem dúvidas passa por cima da vontade de Deus.

A vida estressante, atribulada e fatigante de um policial, pode ser motivo para muitos desequilíbrios, contudo o indivíduo deve buscar força junto a familiares, amigos, grupos de ajuda, para ver o sentido da vida.

Lembro de um colega que foi transferido para uma delegacia na Região Metropolitana de Salvador, e entrou em depressão. Fez de tudo para ser relocado para capital, contudo a insensibilidade dos gestores, negaram este simplório pedido, mas para o policial que solicitava o pedido, era tudo. Pois bem, ele apresentou um quadro de depressão grave, necessitou ser internado e no hospital cometeu o suicídio, enforcando-se no lençol da cama. Foi muito triste e me marcou muito toda aquela situação.

Até hoje, na contramão da evolução da relação de trabalho, nós não vemos na Polícia Civil da Bahia, nada que demonstre um tratamento humanitário, muito pelo contrário, o que se percebe é cada dia mais perseguições, cobranças e o descaso com a saúde mental do servidor.

Os fatores para que o indivíduo desequilibre são vários, desde o próprio ambiente de trabalho, até às péssimas remunerações recebidas, o que ocasiona acúmulo de dívidas, e consequentemente perda de sono. A instituição não está nem um pouco preocupada com isso, o governo idem, eles querem é só e tão somente, resultados.

Nada e ninguém merece o sacrifício da própria vida de alguém, pois para "eles", somos apenas estatística, um número, a mais ou a menos, somos um cadastro que após o óbito, sai da folha de pagamento.

Diante deste lamentável quadro é importante enxergar que a mudança só ocorre quando se há interesse, o que incontestavelmente não é o caso da Polícia Civil da Bahia. As condutas de gestão continuam repetitivamente as mesmas, desgastadas, sem evolução. Cabe ao servidor a conscientização que a única saída é deixar o tempo passar, o final do mês chegar, e aguardar com paciência e equilíbrio, completar o seu tempo para aposentadoria.

Que descanse em paz mais esse "guerreiro", que infelizmente não teve o apoio da instituição a qual servia, e que só Deus sabe os verdadeiros motivos que o levaram a cometer este ato.

Bel Luiz Carlos Ferreira de Souza - Brasileiro, baiano, casado, 61 anos, servidor público aposentado pelo estado da Bahia, atualmente reside no estado do Rio Grande do Sul, com formação técnica em redator auxiliar, acadêmico em História, Direito, pós-graduado em Ciências Criminais, política e estratégia e mestrando em políticas públicas.

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