Confesso que procurei uma palavra para definir esse fechar dos olhos para a impunidade e não encontrei. Lembrei então do ditado popular "você é meu e o boi não lambe".
Ontem, sexta-feira (21), o chefe do Palácio do Planalto disse que está muito "feliz" com o desempenho do ministro, indiciado pela Polícia Federal por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Essa complacência da maior autoridade da República, que pode ser interpretada como um desdém com a honrosa Polícia Federal, vai terminar abrindo um preocupante precedente. Se houver um problema com outro ministro, a legenda que o indicou vai exigir o mesmo tratamento dado a Juscelino, que tem o União Brasil como abrigo partidário.
O argumento da governabilidade, que sempre digo que é amiga íntima da impunidade, não pode servir de pretexto para proteger os abutres do dinheiro público, ferindo de morte o preceito constitucional de que "todos são iguais perante a lei".
O mínimo que se espera do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, maior liderança do Partido dos Trabalhadores, é que deixe de fazer "cafuné" em quem está muito longe de merecer um mimo.
PS - O senhor Juscelino Filho presidiu o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados (2019 e 2020) e foi o relator da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
COLUNA WENSE, 22.06.2024.
Marco Wense - Itabunense, Advogado e Articulista de Política.