Em uma análise franca e crítica, o ex-dirigente sindical Crispiniano Daltro, traz à tona a frustração de muitos policiais civis da Bahia diante dos recentes acontecimentos envolvendo a assembleia da categoria. Ele discorda da legitimidade dos delegados de polícia em conduzir as negociações, questionando a falta de transparência e as estratégias que, segundo ele, apenas beneficiam diretamente o cargo deles Delegados, seguido pelos Peritos Oficiais de Polícia Civil, em detrimento dos demais cargos policiais.
A Manipulação dos Delegados, segundo Daltro destaca claramente que têm usado os demais cargos do Sistema Policial Civil, ao qual eles também são integrantes, como massa de manobra, guiando as discussões de maneira que apenas os beneficie. Ele aponta que o governo apresentou uma PROPOSTA, que não é a resposta de CONTRA-PROPOSTA, na verdade, desviaram-se da pauta original, porque essa atende com ganhos apenas para os delegados e peritos oficiais, a se aproximarem cada vez mais do patamar da reestruturação remuneração em SUBSÍDIO, das carreiras de Delegados dos Estados e Distrito Federal, beneficiados pela Constituição Federal, conforme os artigos 144°, §9°, 39, §4° e 37 incisos X e XI, enquanto os Investigadores, Escrivães e Peritos Técnicos continuarão com salários inferiores aos demais colegas policiais, tendo como referência da Polícia Civil Distrito Federal.
Proposta do governo e falta de transparência
O governo apresentou uma proposta no dia 02/09 de reajuste salarial e não a reestruturação remuneratória, conforme a Pauta, que vinha sendo negociada, segundo Crispiniano, essa que a ADPEB apresentou não atende às reivindicações da categoria que é reestruturação remuneratória, e não reajuste salarial de inflação ou perdas, como um todo.
Daltro chama atenção que os delegados através da ADPEB, vem utilizando hierarquização na condução da negociação, se colocando à frente do Sindpoc, que possui 99% da representação de toda categoria policial civil está indo à reboque, os delegados sabem muito bem que estão nessa condição. A falta de debate profundo e a omissão do Sindpoc em abrir para categoria essa discussão criaram um cenário em que a categoria foi, mais uma vez, levada aceitar algo que não representa suas necessidades reais. Isso é fato!
O Papel do Sindpoc e a farsa da Assembleia
As tabelas apresentadas na assembleia não deixam dúvidas da manipulação, que favorecem só aos Delegados e Peritos – Legistas, Odontos e Criminalistas, justificando o presidente da ADPEB, que eles em acordo, selaram um compromisso com todas entidades, que para atingir a reestruturação remuneratória os valores deveriam ser maiores para os IPCs, EPCs e PTPCs, para atender a adequação a nova reestruturação.
Porém a atitude do presidente ADPEB, já que está à frente da comissão, deveria recusar e não levar a categoria Policial Civil, por não corresponder a PROPOSTA REMUNERATÓRIA, literalmente lavaram as mãos ao divulgarem que não aceitaram a proposta feita no dia 2/09 pelo governo, mas convocou uma assembleia para quatro dias depois, sexta-feira, 06/09, para a categoria, decidir uma coisa que já estava acertada com o governo.
Questionamento: se os Delegados de Polícia, alegam que não aceitaram a proposta, porquê convocaram assembleia, depois de terem divulgado que não aceitaram? Cadê o pacto das entidades?
A negociação entre as entidades e o governo, desde o início, tem sido manipulada, com conversas escondidas e sem a participação da categoria, que sequer teve conhecimento da proposta que afirmam ter sido entregue, mas que nunca foi divulgada, nem mesmo o protocolo, afirma o ex-sindicalista Crispiniano Daltro. Ele não deixa dúvidas quanto à estratégia dos negociadores em manipular o processo.
Daltro chama atenção para um detalhe dessa manipulação ao questionar por que as assembleias estão sendo presididas por delegados de polícia e não por um mediador neutro. Segundo ele, os delegados estão conduzindo as reuniões com base no Estatuto da ADPEB, que determina que, em suas assembleias, um delegado(a) de polícia deve presidir, vetando a indicação de outro nome pela plenária. Portanto, o delegado que presidiu a assembleia não apenas ocultou sua verdadeira situação como presidente da sessão, mas também escondeu a proposta.
Vale destacar que, na assembleia anterior, quem presidiu foi o delegado e ex-presidente da ADPEB, Fábio Lordelo, que, embora não seja mais dirigente da entidade, atualmente exerce cargo de dirigente da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Civil (FENDEPOL) e está em disponibilidade para exercer o mandato (conforme fac-símile do DOE). Ele atuou ao lado do delegado Pietro, que também está em disponibilidade como dirigente da FENDEPOL e presidiu a última assembleia realizada no dia 6/7.
Optaram por promover um "verdadeiro show" particular, ao gosto dos velhos personagens menudos, agindo de forma desrespeitosa ao convocar os policiais civis para se manifestarem no púlpito, com um aviso desnecessário: pediram que fossem "direto aos encaminhamentos e não fizessem terapia". Não satisfeitos, determinaram a suspensão da transmissão ao vivo da assembleia, ordenaram o fechamento das portas e solicitaram que todos levantassem os braços para posar para fotos, dando a falsa impressão de que o que eles queriam havia sido aprovado, sob a alegação de que o governo não deveria ver.
Uma verdadeira piada, pois apenas o presidente da assembleia parecia não saber que, naquele local, havia arapongas informantes oficiais do governo...
(1) A terapia é um processo conduzido por profissionais de saúde mental para ajudar pessoas a lidar com problemas emocionais, comportamentais ou mentais. Ela visa promover o bem-estar, tratar transtornos e melhorar a qualidade de vida.
A condução das discussões, nessa assembleia de acordo com Crispiniano, favoreceu os aos delegados e frustrou aqueles que esperavam avanços reais.
Daltro faz uma crítica contundente à falta de estratégia real por parte da liderança da categoria e ao direcionamento dado pelos delegados.
Ele conclui que o caminho que a assembleia tomou não pressiona o governo de maneira efetiva, e que a categoria precisa acordar para a manipulação que ocorre nos bastidores. Para que haja avanços concretos, ele acredita que os policiais civis devem exigir uma maior participação nas decisões e lutar por uma equiparação justa com as outras polícias do Brasil.