SAÚDE “SETEMBRO AMARELO”
CATÚ/BA: 1º Seminário “CUIDANDO DE QUEM CUIDA DA SEGURANÇA PÚBLICA“ ”
O seminário vai abordar a importância de reconhecer que os agentes de segurança pública, assim como qualquer outra pessoa, estão sujeitos ao esgotamento físico e emocional. Embora muitas vezes vistos como heróis, eles também são seres humanos que precisam de atenção e cuidado.
22/09/2024 12h04 Atualizada há 2 meses
Por: Carlos Nascimento

Diante dos alarmantes dados sobre assédio moral e sexual no ambiente da Polícia Civil da Bahia – uma das principais causas de adoecimento mental dos trabalhadores e trabalhadoras das forças de segurança Pública –, a Delegacia Territorial de Polícia Civil de Catu, município a 98 km da capital, organiza, com apoio de entidades da sociedade civil e sob a coordenação da Investigadora da Polícia Civil (IPC) Carla Sandra Vieira, o 1º Seminário "CUIDANDO DE QUEM CUIDA DA SEGURANÇA PÚBLICA". O evento tem como objetivo trazer reflexões e análises de profissionais de diversas áreas sobre a saúde mental dos agentes de segurança pública.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2024, pela primeira vez em 2023, o número de suicídios entre policiais militares superou as mortes em confronto, tornando-se a principal causa de óbitos entre esses profissionais. A taxa de suicídios entre policiais civis e militares da ativa aumentou 26,2%, enquanto as mortes por Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) caíram 18,1%. Em números absolutos, foram registrados 110 suicídios de policiais militares, contra 107 mortes em confrontos, evidenciando um cenário extremamente preocupante.

Este quadro é ainda mais grave em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. Em São Paulo, por exemplo, os suicídios de policiais militares saltaram de 19, em 2022, para 31, em 2023, enquanto as mortes em confrontos fora de serviço diminuíram. A subnotificação dos casos de suicídio e o estigma que envolve o tema dentro das instituições de segurança pública dificultam o enfrentamento desse problema.

Urgência de Políticas Públicas

O estresse ocupacional, distúrbios do sono e o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) são fatores críticos que agravam essa situação. Com esses números alarmantes, torna-se urgente a implementação de políticas públicas mais eficazes voltadas à saúde mental dos agentes de segurança.

"Os dados de suicídio trazidos pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram o quanto estamos falhando em proteger a vida dos policiais, especialmente dos policiais militares, e alertam para a gravidade desse problema", ressalta Carla Sandra Vieira, coordenadora do Seminário, que será realizado no dia 25 de setembro, das 8h às 12h, no Espaço Multicultural de Catu.

Segundo Carla, o "Setembro Amarelo" vai além do mês de conscientização sobre a prevenção ao suicídio.

"Queremos promover um debate contínuo e aprofundado sobre a saúde mental dos profissionais das forças de segurança, com foco na prevenção ao suicídio e na valorização desses profissionais", afirma.

O seminário vai abordar a importância de reconhecer que os agentes de segurança pública, assim como qualquer outra pessoa, estão sujeitos ao esgotamento físico e emocional. Embora muitas vezes vistos como heróis, eles também são seres humanos que precisam de atenção e cuidado.

Reconhecimento

A iniciativa da Investigadora Carla Sandra Vieira em coordenar este evento merece todo reconhecimento. Em tempos onde o índice de suicídios entre agentes de segurança cresce assustadoramente, práticas como esta são essenciais para trazer visibilidade ao problema e promover soluções que priorizem o bem-estar desses profissionais. Parabenizamos a coordenadora pela iniciativa e reforçamos a importância de que eventos como esse sejam replicados em outras regiões, pois cuidar de quem cuida da segurança pública é uma responsabilidade de todos nós.

 

O seminário contará com a participação de especialistas como:

• Christiane Gurgel (Vice-presidente da OAB-BA);

• Bruna Vieira (Médica);

• os psicólogos Breno Queiroz e Elisa Andrade;

• Angela Sena (psicanalista, escritora e educadora do sistema prisional);

• Luciano Lima (Delegado de Polícia Civil da Bahia) e 

•Adroaldo Quintela (Economista e Diretor Executivo do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste Brasileiro - IDESNE).