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ÊXODO NA POLÍCIA CIVIL DA BAHIA: uma crise silenciosa que se agrava

Salários desanimadores e condições precárias levam à crescente exoneração de recém-nomeados, colocando em risco o futuro da segurança pública na Bahia. Apesar da exigência de formação de nível superior para ingresso, os vencimentos estão muito abaixo do esperado, em um patamar quase elementar.

04/10/2024 às 10h35 Atualizada em 04/10/2024 às 10h58
Por: Carlos Nascimento Fonte: Editorial
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ÊXODO NA POLÍCIA CIVIL DA BAHIA: uma crise silenciosa que se agrava

Quase diariamente, o Diário Oficial do Estado (DOE) publica exonerações de policiais civis recém-nomeados, incluindo investigadores, escrivães e delegados. Esses profissionais, que dedicaram anos de estudo e esforço para ingressar na carreira, se veem desiludidos com a profissão que sonhavam abraçar.

O principal fator por trás desse desânimo? O salário. Apesar de a Polícia Civil exigir formação de nível superior para ingresso, os vencimentos oferecidos estão muito abaixo do esperado, em um patamar quase elementar.

Além disso, a situação é agravada pelo fato de que muitos desses policiais são enviados para municípios distantes, espalhados pelos 417 municípios da Bahia, sem suporte adequado para lidar com os custos de locomoção e moradia. Nesse cenário, manter uma qualidade de vida mínima torna-se um desafio diário. O que antes poderia ser considerado uma vocação de serviço público, hoje é visto como um mero emprego, sem a paixão e o propósito que tradicionalmente definiram a carreira policial.

O estágio probatório, um período em que o profissional recém-nomeado precisa comprovar sua capacidade para permanecer no cargo, também se transforma em um obstáculo. O governo investe significativamente em concursos públicos, formação e treinamento desses futuros policiais, mas muitos acabam pedindo exoneração antes mesmo de completar esse período de avaliação, gerando um desperdício de recursos e tempo.

O êxodo de policiais civis na Bahia expõe uma crise estrutural que vai além de questões individuais. Após passarem pelo curso de formação, onde são celebrados com festas de formatura e discursos de autoridades, incluindo o Governador do Estado, que promete cuidar da categoria, os novos policiais rapidamente enfrentam uma realidade desmotivadora.

Após a nomeação, vêm a designação para municípios distantes e, logo depois, a decepção. O salário, insuficiente para cobrir os custos de locomoção e moradia, e as precárias condições de trabalho fazem muitos desistirem ainda no estágio probatório, antes de se estabilizarem na carreira.

O Estado, que gasta com a convocação, concursos e formação desses profissionais, assiste a um desperdício de recursos, pois muitos pedem exoneração. A desilusão afasta a vocação policial, transformando o que deveria ser uma missão em apenas mais um emprego público, comprometendo a segurança e a qualidade do serviço prestado à população.

O futuro da segurança pública baiana está em jogo, e sem uma ação efetiva, a tendência é que a evasão de policiais civis aumente, comprometendo a capacidade da instituição policial civil de enfrentar os crescentes desafios que surgem.  O Governo do Estado, com a palavra, precisa urgentemente reverter essa situação antes que a crise se aprofunde ainda mais, colocando em risco a segurança da população e a confiança na instituição policial.

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CARLOS NASCIMENTO
Sobre o blog/coluna
Funcionário público aposentado Editor da Revista Página de Polícia e responsável pelos Sites: paginadepolicia.com.br, tokdemia.com.br, oservidor.com e Colunista do blog politicafc.com.br.
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