Após ser absolvido pela Corregedoria, soldado Correia é detido por ordem do Comando-Geral. Ativo nas redes sociais, ele expõe seu cotidiano na corporação e operações em áreas dominadas por facções, afirmando que está sendo silenciado por motivos políticos.
O caso envolvendo o soldado da Polícia Militar da Bahia, Correia, que se apresentou na Companhia Independente de Policiamento Especializado (CIPE) de Amaralina para cumprir “prisão administrativa” por ordem do Comandante-Geral Paulo Coutinho, tem gerado controvérsia. Correia havia sido absolvido em uma apuração interna pela Corregedoria da PM, mas, mesmo assim, a ordem de prisão foi mantida, levantando questionamentos sobre a motivação da medida e seu caráter disciplinar.
A acusação contra o soldado surgiu após uma declaração polêmica feita durante um podcast, onde ele afirmou: “Se mexer com minha família, foda-se a lei.” Embora informal e possivelmente reflexo de um desabafo pessoal, essa fala foi considerada “incompatível com a disciplina militar e prejudicial à imagem da corporação.”
A decisão do Comando-Geral de mantê-lo detido, apesar da absolvição pela Corregedoria, reforça a interpretação de que a hierarquia militar viu uma violação aos valores institucionais e considerou necessária uma resposta firme para preservar a disciplina.
Correia, por sua vez, declarou que está sendo vítima de perseguição política. Ele é bastante ativo nas redes sociais e não tem papas na língua, utilizando esses espaços para narrar seu cotidiano na corporação, incluindo operações realizadas em favelas e áreas dominadas por facções criminosas, especialmente na região de Amaralina. Sua exposição pública e crítica do dia a dia da PM pode ter contribuído para a percepção de que seu comportamento é incômodo para setores da corporação.
O caso também suscita uma discussão importante sobre a liberdade de expressão dos policiais militares fora do serviço. Embora a disciplina e a hierarquia sejam valores centrais na PM, ações punitivas severas contra declarações em espaços informais, como podcasts e redes sociais, são vistas por muitos como uma forma de censura. Correia afirma que sua punição vai além de questões disciplinares e representa uma tentativa de silenciar críticas e exposições sobre a realidade da corporação.
Esse episódio reflete o dilema enfrentado por instituições militares e de segurança pública: o desafio de equilibrar a necessidade de manter a disciplina interna com o direito dos agentes à manifestação de opinião sobre sua atuação e os problemas do sistema.
Veja o Desabafo do Sd Corrêa: