O imbróglio envolvendo a composição da majoritária governista visando o pleito de 2026 tende a ficar cada vez mais intenso e preocupante.
Das quatro vagas, somente duas são consideradas como imexíveis: a do governador Jerônimo Rodrigues e do senador Jaques Wagner, candidatos a permanecerem no respectivo cargo via instituto da reeleição.
O MDB, sob a influência dos irmãos Vieira Lima, Lúcio e Geddel, não abre mão de manter a indicação do vice. Rui Costa (PT), ministro da Casa Civil do governo Lula 3, já escancarou o desejo de disputar o Senado.
Como fica a situação do senador Angelo Coronel (PSD), cuja candidatura à reeleição é tida como natural? Se Wagner usa esse forte argumento da naturalidade, o Coronel tem todo o direito de fazer o mesmo.
"Vamos ter que encontrar uma saída", disse o também senador Otto Alencar, presidente estadual do PSD, na entrevista que concedeu à rádio Metrópole, ontem, segunda-feira (21). "Eu não sou de deixar aliança, eu quero continuar na aliança, mas eu tenho que arrumar essas coisas da melhor forma possível", declarou o parlamentar.
A pulga atrás da orelha ficou por conta desse "mas" de Otto Alencar. A impressão que ficou, nas entrelinhas, é que se o lulopetismo não resolver o impasse com o PSD, o rompimento com a base aliada será inevitável, passa a ser só uma questão de tempo.
Como não bastasse o PSD, tem o Avante, sob a batuta do empresário Ronaldo Carletto, querendo compor a chapa majoritária. Vai ser um Deus nos acuda.
O pega-pega terá como principal consequência política o enfraquecimento do projeto do PT de permanecer por mais alguns anos no comando do Palácio de Ondina.
As outras legendas que dão sustentação ao jeronismo, citando apenas duas, o PCdoB e PSB, como não têm força política, já se conformaram com o papel de coadjuvantes.
A cúpula nacional do PSD está de olho nesse impasse com o PT. Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que Gilberto Kassab, comandante-mor do PSD, quer o partido apoiando Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, na sucessão presidencial de 2026. O chefe do Palácio dos Bandeirantes é filiado ao Republicanos.
Quem também está de olho no desfecho desse imbróglio é o staff político de ACM Neto, vice-presidente nacional do União Brasil. O ex-prefeito de Salvador ainda não deixou claro se vai disputar o governo da Bahia em 2026.
No mais, é esperar a ocorrência de novos fatos para uma análise mais consistente e menos especulativa.
COLUNA WENSE, TERÇA-FEIRA, 22.10.2024.
Marco Wense - Itabunense, Advogado e Articulista de Política. Assina a Coluna Wense, publicada diariamente em vários sites e blog da Bahia.
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