Durante a última Assembleia Conjunta das Entidades de Classe dos Policiais Civis da Bahia, que reuniu Investigadores, Delegados, Escrivães e Peritos, o Delegado de Polícia Jesus Pablo assumiu uma posição firme em defesa da dignidade e dos direitos da categoria policial. Diante de um auditório com cerca de 800 policiais civis, ele fez um discurso enfático, (víde abaixo), criticando a proposta apresentada pelo governo e destacando a necessidade de medidas mais contundentes na luta por valorização profissional.
Segundo Pablo, o que foi oferecido à categoria não passa de "migalhas", algo que ele classificou como indigno e desrespeitoso. "Nossa luta não é apenas por dinheiro. Chegamos a um ponto tão crítico que estamos lutando por dignidade", afirmou. Ele destacou que a situação atual exige um posicionamento imediato e não pode ser adiada para o período eleitoral, daqui a um ano e meio.
O delegado também chamou a atenção para a falta de impacto das ações realizadas até então. Ele enfatizou que as medidas adotadas pelas entidades de classe não foram suficientes para incomodar o governo. "É preciso sair da zona de conforto e adotar estratégias que realmente façam diferença. O governo precisa ser incomodado, e isso só acontecerá com unidade e mobilização efetiva."
Pablo também criticou a falta de fiscalização sobre as decisões governamentais e a ineficácia de boicotes como a suspensão de entrevistas à imprensa. Ele sugeriu que, ao conceder entrevistas, os policiais destaquem a desvalorização salarial e o desrespeito por parte do governo, transformando cada aparição pública em uma oportunidade de pressionar as autoridades.
O delegado finalizou seu discurso convocando a categoria à união e à luta imediata. "Se não agirmos hoje, estaremos na mesma situação daqui a 10 anos. Precisamos de estratégia, firmeza e, acima de tudo, dignidade. Um por todos, todos por um."
A postura de Pablo reflete o sentimento geral da categoria, que exige não apenas melhores condições salariais, mas também respeito e reconhecimento pelo trabalho desempenhado em prol da sociedade baiana.
Transcrição na íntegra do discurso de Pablo:
"Há algum tempo, em uma das assembleias, ouvi atentamente o que foi dito pela nossa mesa: não aceitaríamos migalhas. Hoje, o que nos foi apresentado é ainda menos que isso. É pouquíssimo. Não podemos jamais aceitar essa proposta.
Senhoras e senhores, o que recebemos não é apenas uma afronta financeira. Nossa luta deixou de ser apenas por dinheiro. O ponto crítico que atingimos nos obriga a lutar por dignidade. O que nos foi oferecido é indigno, um desrespeito, algo que não podemos admitir.
Nesta plenária, com cerca de 800 pessoas presentes, faço uma reflexão: cadê o nosso brilho? Cadê a nossa altivez? Vamos aceitar esse "lixo" que nos foi apresentado? Não podemos nos acomodar e esperar mais um ano ou um ano e meio até as próximas eleições estaduais. A luta precisa começar agora.
Os dirigentes não podem carregar essa batalha sozinhos. É necessário que haja contundência, porque as medidas adotadas até aqui não causaram impacto real. Não incomodaram o governo, que segue em sua zona de conforto. Precisamos ser incisivos.
Deixar de dar entrevistas ou adotar medidas inócuas não resolverá nada. Cada um que falar à imprensa deve destacar, com clareza, a desvalorização salarial e o desrespeito do governo. Isso sim pode gerar incômodo e forçar mudanças."
Se continuarmos passivos, daqui a 10 anos estaremos na mesma situação. É preciso agir com estratégia e unidade. Um por todos, todos por um. A lógica tem que ser essa.
Ou tomamos uma postura firme hoje, ou não honraremos aqueles que lutaram antes de nós. É hora de abrir os olhos e lutar.