Marcos Herbas William Camacho, conhecido como Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), admitiu pela primeira vez ser o "chefe" da maior facção criminosa do Brasil. A declaração foi feita durante uma reunião com seu advogado, em janeiro de 2022, cuja gravação foi divulgada em 9 de novembro de 2024 pelo portal Metrópoles.
A Confissão
No vídeo, Marcola relata que assumiu a liderança do PCC após o assassinato de sua esposa, Ana Maria Olivatto, e que antes disso, exercia um papel de mediador entre presos ligados à facção e a administração penitenciária. Segundo ele, o evento transformador foi a morte de Ana Maria, que o motivou a "ir para cima" dos responsáveis.
“É aí que eu me tornei o chefe do negócio. Porque antes disso daí [assassinato da Ana], eu não era chefe de nada”, declarou Marcola.
Ele ainda revelou que não desejava o rótulo de líder e que, se não fosse pela morte de sua esposa, já estaria livre há mais de duas décadas.
Defesa e Acusações
Durante a conversa, Marcola também criticou as acusações que recaem sobre ele, afirmando que elas são genéricas e carecem de menções diretas ao seu nome. Ele cita o caso de um dos réus, identificado como Chocolate, que, sob tortura, teria dito acreditar que nenhum crime de grande magnitude poderia ser cometido sem o aval do líder.
Marcola questiona a forma como é mencionado nos processos que resultaram em sua condenação de mais de 300 anos, declarando: “Estou sempre acusado de tudo”.
Em outro trecho da gravação, Marcola alegou ter colaborado com as autoridades durante rebeliões em presídios dominados pelo PCC, auxiliando na mediação para evitar mortes e destruição em massa.
A divulgação deste vídeo representa um marco significativo na história criminal do Brasil, colocando luz sobre a trajetória de liderança de Marcola e sua relação com a facção. Ao admitir ser o chefe do PCC, Marcola reconfigura a narrativa sobre seu papel dentro da organização e sua influência no sistema prisional e no crime organizado.
Embora ele tente minimizar seu envolvimento direto em crimes ao destacar a falta de provas concretas que o liguem às ações da facção, suas declarações reforçam a complexidade de enfrentar uma estrutura criminosa tão enraizada. A confissão levanta novos questionamentos sobre os desafios do sistema de justiça e segurança pública em lidar com lideranças do crime organizado e suas ramificações.
Video marcola: