O Sindicalismo em evidência
A liderança sindical é fundamental para representar as demandas de uma categoria, especialmente em tempos de negociações salariais e fortalecimento dos direitos trabalhistas. No entanto, a postura do presidente do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc) tem gerado questionamentos dentro da própria base que ele representa.
Um "Arroz de Festa, ou Papagaio de Pirata?"
Se há um lugar com microfones, câmeras ou autoridades reunidas, pode apostar: o presidente do Sindpoc estará lá, com seu sorriso impecável e pose ensaiada. Relatos apontam que ele virou presença certa em todo tipo de evento – de solenidades oficiais com políticos a aniversários e até batizados (quem sabe de boneca). Alguns já dizem que se houver um campeonato de dominó na praça com uma autoridade presente, ele aparece para “prestigiar”.
A expressão "arroz de festa" usada para descrevê-lo parece insuficiente. Agora, muitos membros da categoria preferem o termo "papagaio de pirata", já que ele aparece em quase todas as fotos ao lado de figuras públicas, sempre no melhor ângulo, e haja divulgação no Instagram, site oficial e grupos de WhatsApp. Até parece que a liderança sindical virou profissão de influencer!
O que intriga os policiais civis não é só a frequência desses eventos, mas a falta de retorno prático para a categoria. Enquanto ele está ocupado acumulando selfies com autoridades, a base fica se perguntando: "Será que, entre uma foto e outra, ele lembra da gente?"
As críticas se intensificam porque, na prática, as aparições não têm resultado em grandes avanços para os policiais. O reajuste salarial parcelado de 22%, e os penduricalhos que so contempla os policiais ativos, longe de atender às expectativas, virou motivo de festa… mas só para ele, que segue comemorando como se tivesse vencido um prêmio. Entre as piadas que circulam nos grupos, já tem gente perguntando se ele vai lançar um curso online de "como aparecer em eventos sem ser convidado".
Apesar do tom de humor, a situação é séria. Para quem está na linha de frente, enfrentando a dureza do dia a dia policial, o que realmente importa é uma liderança que lute de verdade pelos direitos e não se perca no brilho dos holofotes. Enquanto isso, a categoria assiste à sua liderança mais preocupada em posar para a próxima foto do que em garantir conquistas reais. Afinal, como dizem por aí, "foto bonita não enche geladeira", e os policiais querem mais do que posts de Instagram: querem resultados!
A categoria fica para depois?
Enquanto isso, a categoria dos policiais civis parece não enxergar a mesma intensidade de atuação quando se trata das pautas que afetam diretamente os trabalhadores. A aceitação de um reajuste salarial de 22%, e ainda parcelados abaixo das expectativas de muitos, e alguns penduricalhos que não comtempla os policiais civis na inatividade é vista por alguns como um motivo de preocupação, principalmente diante das comemorações que vieram na sequência.
Estratégia ou Ambição Política?
A frequência de aparições e a proximidade com autoridades levantam a suspeita de que o presidente do Sindpoc possa estar mirando algo além de sua atual função: uma possível candidatura política. Esse cenário é comum no Brasil, onde lideranças sindicais frequentemente fazem a transição para a política partidária.
O que a categoria quer Saber
Os policiais civis, em sua maioria, desejam clareza sobre as intenções do líder sindical. As perguntas que ecoam nos corredores são diretas:
# As aparições frequentes têm beneficiado a categoria ou apenas a imagem pessoal do presidente?
# Há um plano estratégico concreto para avançar em conquistas reais para os trabalhadores?
# Existe transparência sobre os próximos passos do Sindpoc?
Liderança Sindical ou Aliança com o Algoz?
A verdadeira força de uma liderança sindical não está em sua exposição, mas em sua capacidade de transformar a visibilidade em ações concretas para os trabalhadores. Nesse sentido, o presidente do Sindpoc tem a oportunidade – e o dever – de alinhar sua agenda com as reais necessidades da categoria, esclarecendo suas intenções e demonstrando, na prática, que sua prioridade é fortalecer os policiais civis.
No entanto, a proximidade com o governo do estado, reconhecido como um dos principais algozes da categoria, aprofunda ainda mais as desconfianças. A aceitação de reajustes abaixo do esperado, somada à falta de avanços em pautas essenciais, levanta a suspeita de uma aliança espúria que favorece o poder estatal em detrimento da base sindical.
Essa aliança, foi um golpe duro na confiança depositada por milhares de policiais civis que esperam representação legítima. Liderar um sindicato exige coragem para confrontar interesses contrários à categoria, mesmo que isso signifique romper laços políticos ou pessoais.
O futuro do Sindpoc, e principalmente da classe policial, depende de uma liderança que coloque os interesses coletivos acima de aspirações individuais e acordos questionáveis. Do contrário, o sindicato corre o risco de perder sua essência, deixando a categoria ainda mais vulnerável frente a um cenário que já lhes é desfavorável.
Se a busca for por resultados e não por reconhecimento pessoal, o caminho estará alinhado com os princípios do sindicalismo. Do contrário, a confiança na liderança pode sofrer abalos irreparáveis, deixando a categoria "a ver navios".
Editorial