O bafafá envolvendo a Câmara dos Deputados e o STF, em torno da dinheirama das emendas, vai ficando cada vez mais preocupante.
O ministro Flávio Dino quer saber onde foi parar os R$ 4,2 bilhões das emendas destinadas aos 17 líderes de bancada, que até agora nada, ninguém sabe, ninguém viu.
O presidente da Casa Legislativa, Arthur Lira (PP-AL), liderança de destaque do chamado centrão, para não ficar sozinho nesse imbróglio, diz que houve um acordo entre o Executivo e Legislativo, que agiu "sob orientação jurídica" do governo.
Como não bastasse, o esperto Arthur Lira também coloca o Senado da República, presidido por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no já rotulado "Escândalo das Emendas". Os advogados da Câmara, obviamente sob o consentimento de Lira, revelaram que "os 11 líderes do Senado apadrinharam R$ 2,5 bilhões".
O ministro Flávio Dino quer saber o paradeiro do dinheiro público, onde foi gasto, quer a prestação de contas. Qualquer recuo seria horrível não só para o próprio Dino como para a instituição Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima do Poder Judiciário.
O governo Lula fica entre a cruz e a espada. Se agradar Arthur Lira, poderoso chefe do Parlamento federal, desagrada Flávio Dino, influente ministro da Alta Corte.
Com efeito, nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, já começa a dar os primeiros passos um movimento para intimidar o presidente Lula. Na opinião desses parlamentares, o chefe do Palácio do Planalto não está tomando nenhuma atitude para defender a Casa Legislativa.
Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que o maior instrumento de pressão contra o presidente da República de plantão é a ameaça de uma abertura de um pedido de impeachment.
Não se sabe como toda essa confusão vai terminar. O que se percebe é um salve-se quem puder. Vale lembrar que na política, o menos esperto consegue dar beliscão em azulejo. E com as unhas grandes.
Outro lembrete é que Alagoas, domicílio eleitoral de Arthur Lira, sua terra natal, foi o estado que mais recebeu dinheiro, cerca de R$500 milhões.
Concluo dizendo que não sou contra as emendas parlamentares. O problema é a falta de prestação de contas, onde o dinheiro público foi gasto. Usando uma linguagem bem popular, a roubalheira.
COLUNA WENSE, SÁBADO, 28.12.2024.
Marco Wense - Itabunense, Advogado e Articulista de Política. Assina a Coluna Wense, publicada diariamente em vários sites e blog da Bahia.
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