Em 2024, a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) realizou a perfuração de sete poços tubulares profundos, responsáveis por captar água a partir de fontes subterrâneas. Os equipamentos foram instalados nos municípios de Aracaju, Muribeca e Itapicuru, na Bahia, onde houve implantação para abastecer as cidades de Tobias Barreto e Poço Verde. Os empreendimentos são fruto de um investimento de R$ 763 mil, e têm vazão média de 600 mil litros de água por hora, incrementando a distribuição e segurança hídrica dos usuários em regiões contempladas.
Cerca de 50% dos municípios sergipanos são abastecidos por poços tubulares, e em 35% das cidades o acesso à água potável é promovido exclusivamente através desses equipamentos. O papel de relevância dos poços se dá especialmente em razão das condições geográficas e climáticas de Sergipe, que, assim como outros estados do Nordeste, enfrenta desafios relacionados à escassez de água, com períodos de seca prolongada e instabilidade de chuvas.
“Muitas das fontes superficiais de água no estado de Sergipe são suscetíveis à poluição, evaporação e, principalmente, às variações sazonais das chuvas. Em anos de seca, os níveis desses reservatórios podem cair drasticamente, o que comprometeria o abastecimento de água. Os poços tubulares profundos, por captarem água de fontes subterrâneas mais profundas e protegidas, ajudam a diminuir a dependência dessas fontes superficiais, tornando o sistema de abastecimento mais resiliente”, explicou o gerente de Pesquisa de Mananciais Subterrâneos (GPMS) da Deso, Mike Henderson Santana Batista.
Além disso, ele destacou que a água encontrada no subsolo tende a ter melhor qualidade em relação à de mananciais superficiais, como rios e riachos, mais sujeita à ação de agentes externos. “Embora, em alguns casos, seja necessário tratamento para adequar a água aos padrões potáveis, a água subterrânea geralmente apresenta menor risco de ser contaminada por poluentes”, frisou Mike.
Qualidade e preservação
A atuação da Deso começa muito antes da perfuração dos poços tubulares profundos em si. Os procedimentos adotados pela companhia começam com pesquisa técnica, cujo intuito é de procurar áreas que gerem menos impacto ambiental, passam por um extenso levantamento de dados, e vão até a prospecção geofísica do espaço para uma locação mais assertiva.
“Após a prospecção geofísica, é necessário realizar o planejamento técnico e obter as licenças ambientais junto aos órgãos responsáveis, a exemplo da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas (Semac). Após a conclusão da perfuração, realiza-se uma série de testes para garantir que o poço esteja funcionando corretamente e que a água seja adequada para consumo”, detalhou o gerente da GPMS.
Uma das avaliações é o exame de vazão, em que se observa a quantidade de água que o poço é capaz de fornecer em determinado período, geralmente medida em litros por segundo ou por hora. Isso contribui para verificar se o poço atende à demanda esperada. “A outra, essencial, é a análise da qualidade da água. Nela, fazemos testes laboratoriais para avaliar a presença de contaminantes, como metais pesados, sais, microorganismos, entre outros”, sublinhou Mike, ressaltando a importância das verificações para garantir água potável em volume e condições adequadas à população do estado.