Na tarde desta terça-feira (7), a Bahia despediu-se de um de seus grandes ícones culturais. Carlos Pitta, cantor, compositor e criador do inesquecível "Cometa Mambembe", faleceu aos 69 anos no Hospital Roberto Santos, em Salvador, devido a complicações da diabetes. Seu legado, no entanto, permanece eterno, reverberando nas avenidas, feiras e corações dos baianos.
Nascido em Feira de Santana, Carlos Pitta foi um apaixonado pela cultura nordestina desde criança. Criado entre as cores e sons das feiras populares, esse fascínio inspirou sua obra, que transitou entre a música armorial, o forró tradicional e o "forróck", gênero que misturava as raízes nordestinas com o rock. Seu maior sucesso, "Cometa Mambembe", tornou-se um hino popular, eternizado no LP Feliz (1988), com versos que falam de fé, alegria e das conexões simbólicas entre Olinda e a Bahia.
Carlos iniciou sua trajetória musical em Salvador, onde enfrentou desafios enquanto estudava Composição e Regência na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Persistente, superou as dificuldades iniciais e conquistou reconhecimento, sendo gravado por grandes nomes como Elba Ramalho, Alcione e Margareth Menezes. Ao longo de sua carreira, lançou 15 álbuns e dividiu o palco com lendas da música brasileira, como Caetano Veloso e Dominguinhos.
Além de seu talento musical, Carlos era um incentivador nato. Foi ele quem reconheceu o potencial de artistas como Ivete Sangalo, oferecendo suporte e motivação para o início de suas carreiras. Sua obra transborda brasilidade e celebra a essência nordestina, como em clássicos como Todos os Caminhos Levam a Feira de Santana e Abrigo Predileto.
Um Legado de Fé e Alegria
A perda de Carlos Pitta gerou uma onda de comoção. A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia destacou sua contribuição como um verdadeiro ícone da música sertaneja e popular, projetando a Bahia para o mundo.
Nota de Pesar - Carlos Pitta
"É com imensa tristeza que o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e o secretário de Cultura, Bruno Monteiro, manifestam os seus sentimentos de pesar e solidariedade aos familiares e amigos do cantor e compositor Carlos Pitta que faleceu nesta terça-feira (07).Com pouco mais de quatro décadas de carreira, Pitta era um verdadeiro ícone da cultura nordestina, sertaneja e popular. Com seu “forrock”, projetou Feira de Santana e Bahia para o mundo. Os sucessos “Cometa Mambembe”, “Todos os Caminhos levam a Feira de Santana” e “Abrigo Predileto”, são algumas das obras do compositor, poeta e intérprete que, como ele mesmo dizia “rodou na roda do mundo” e foi parar em Feira de Santana.
A sua criatividade e talento encantaram artistas como Daniela Mercury, Margareth Menezes, Alcione, Elba Ramalho, dentre outros que reconheciam e valorizavam a sua criatividade e a sua inventividade.
A Bahia se despede, portanto, de um ícone da música popular. Uma referência cultural e artística que referenciava o orgulho da sua terra natal, Feira de Santana, em composições como “Princesa Sertaneja” desvelando o seu próprio ser amoroso.
Descanse em paz, nosso eterno e aguerrido mestre!"
O prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo, enfatizou o legado imensurável deixado pelo artista, que será lembrado como uma das vozes mais representativas da região.
Carlos Pitta encerrou sua jornada terrena, mas seu galope seguirá ecoando nas memórias e celebrações culturais da Bahia. O azul, tão presente em suas canções, acolhe agora o compositor que transformou o cotidiano em arte e poesia. Sua música não apenas ressoava melodias, mas narrava histórias, celebrava raízes e convidava todos a dançar, refletir e sentir a força da cultura nordestina.
Mais do que um artista, Pitta foi um símbolo de resistência e inovação, que nunca abriu mão de suas origens e que mostrou ao Brasil e ao mundo a riqueza cultural de sua terra natal. Sua partida é um chamado para que sua obra seja revisitada, para que as novas gerações conheçam e perpetuem a essência de sua arte.
O "Cometa Mambembe" continua sua viagem, agora no plano espiritual, deixando um rastro de saudade, alegria e inspiração. Que o legado de Carlos Pitta continue a iluminar o cenário cultural brasileiro, mostrando que a música é capaz de eternizar aqueles que, como ele, transformam vidas e conectam almas.