Atividades voltadas ao enfrentamento do racismo estrutural realizadas em nove escolas da rede pública estadual de ensino de Sergipe comporão a programação do encontro “Quilombo Educacional”, a ser realizado nesta sexta-feira, 14, a partir das 15h, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. O evento, protagonizado pelo Instituto Guetto, com apoio do Instituto Unibanco e Gol Linhas Aéreas, contará com a presença de gestores educacionais dos três estados envolvidos no projeto – Sergipe, Alagoas e Maranhão – , além de parceiros convidados.
O encontro na capital fluminense será a celebração de um trabalho realizado ao longo de um ano pelo Instituo Guetto nos três estados nordestinos, sendo em Sergipe com as nove escolas que compõem o projeto Raça - Rede de Aprendizagem e Ação para uma Cultura Antirracista/Quilombo Educacional.
De Sergipe, participarão a coordenadora de Educação do Campo e Diversidade da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Geneluça Santana, e o diretor do Colégio Estadual João Batista Nogueira, Dilson Gonzaga Sampaio, este que destaca o projeto Quilombo Urbano como um “quilombo feito por vários braços e forças, que convergem na luta racial e na busca pela reparação de direitos”.
"Como gestor e conhecedor da importância da educação antirracista, eu não conseguiria sozinho implementar as diversas ações realizadas na escola. Conto com a colaboração da Seed, da Diretoria Regional de Educação 8, do Instituto Guetto, professores e professoras, funcionários e funcionárias e comunidade Escolar”, destaca Dilson.
O presidente do Instituto Guetto, Vitor Del Rey, celebra o encontro como um marco na luta por um ensino mais justo e inclusivo. “O Guetto, por meio do projeto Quilombo Educacional, reafirma o compromisso de apoiar educadores do Rio de Janeiro, Sergipe, Alagoas, Maranhão e de todo o Brasil, para fomentar comunidades de prática e promover um diálogo aberto sobre as desigualdades raciais na educação a fim de que esses líderes possam replicar seus aprendizados em suas comunidades”, afirma. .
Para ele, essa edição inaugural do “Quilombo Educacional” servirá como referência para a futura expansão do projeto a outros estados do Brasil, por conter experiências de gestores dos três estados nordestinos, que tratam sobre desigualdades que se manifestam por meio de taxas elevadas de evasão escolar, distorção idade/série, analfabetismo e analfabetismo funcional.
Quilombo Educacional
Primeiramente, Sergipe lançou, em junho de 2024, o projeto “Raça” - Rede de Aprendizagem e Ação para uma Cultura Antirracista, que conta com a participação de gestores de nove unidades escolares: Centro de Excelência Barão de Mauá (Aracaju), Escola Estadual Gilberto Amado (Estância), Escola Estadual Dom Mário Rino Sivieri (Lagarto), Colégio Estadual Murilo Braga (Itabaiana), Centro de Excelência Coronel José Joaquim Barbosa (Siriri), Colégio Estadual General Calazans (Nossa Senhora das Dores), Colégio Estadual Quilombola 3 de Maio (Brejo Grande), Colégio Estadual Pedro Alves de Souza (Porto da Folha) e Colégio Estadual João Batista Nascimento (Nossa Senhora do Socorro).
O objetivo do ‘Raça’ foi criar uma rede de lideranças escolares e de gestores negros que atuam no enfrentamento aos desafios do racismo estrutural dentro das unidades escolares em Sergipe. A rede de aprendizagem coordenada pela Seed e pelo Instituto Guetto buscou, também, mobilizar, capacitar e criar uma aldeia comunicacional conectada em uma rede nacional de escolas.
Com a rede nacional composta pelos três estados, o Instituto Guetto realizou reuniões síncronas e assíncronas, criou um ambiente virtual em rede no qual os gestores participantes pudessem compartilhar as vivências, as práticas, os casos de racismo e o enfretamento realizado pela escola, ou seja, um espaço denominado pelos gestores como de “aquilombamento”. Os participantes também tiveram acesso a conteúdo de gestão escolar e práticas de outros estados.
Do Centro de Excelência Barão de Mauá, em Aracaju, uma das instituições participantes, foram postas no espaço virtual as atividades do projeto “Educação Antirracista” desenvolvido desde 2022, como forma de promoção de uma educação inclusiva e antirracista. Ao longo dos anos do projeto, a unidade escolar trabalhou com temas transversais, na promoção da aprendizagem sobre questões sociais como racismo ambiental e a intolerância religiosa, por meio de atividades das eletivas, rodas de conversa, concurso de redação, campanhas de autodeclaração étnico-racial, visitas aos terreiros religiosos e locais considerados sagrados por religiões de matrizes africanas.
“Estamos promovendo a reflexão sobre a construção de estratégias de enfrentamento e realização de intervenções na escola para diminuir a evasão escolar, o preconceito, a intolerância. Em março de 2024, o Centro de Excelência Barão de Mauá recebeu o selo de Escola Antirracista e vamos continuar na mudança desse cenário de exclusão”, completa o diretor Luciano Rodrigues.