De início dizer que o instituto das federações é mais um jeitinho brasileiro para salvar algumas agremiações partidárias da temida cláusula de barreira. Como exemplo-mor cito o PCdoB.
Muita gente pensa que federação e coligação é a mesma coisa. A federação dura um certo período de tempo. A coligação é uma união de legendas somente no período eleitoral.
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, que tem o controle total da sigla fundada pelo saudoso Leonel Brizola, anda conversando com o PSB, Solidariedade e o PSDB para compor uma federação.
Quanto ao PSDB, que já tem uma federação com o Cidadania, não sei informar sobre a possibilidade da mesma ser encerrada fora do tempo previsto para sua existência, se pode ser destituída, obviamente com o ok dos dois partidos.
Não é fácil formalizar uma federação. O imbróglio, além da questão nacional, tem os problemas regionais e os que envolvem os municípios. O pega-pega entre as lideranças políticas é intenso.
A federação PDT/PSB/Solidariedade/PSDB/Cidadania é um grande pesadelo. É mais fácil encontrar uma cabeça de alfinete em um gigantesco palheiro do que formalizar essa junção de legendas.
Deixando de lado o problema nacional e regional, ficando o comentário para outra oportunidade, tem o imbróglio municipal. É só lembrar de Itabuna, da federação PT/PCdoB/PV, que terminou dividindo o Partido dos Trabalhadores em dois:
o PT 1 que queria candidatura própria a prefeito e o PT 2 que defendia o apoio à reeleição de Augusto Castro (PSD).
Já pensou, caro e atento leitor, a confusão que essa junção do PDT, PSB, PSDB, Solidariedade e Cidadania iria causar? O PSB e PSDB apoiam o governo municipal, ocupam cargos no primeiro escalão. O PDT faz oposição com o médico Isaac Nery, ex-candidato a prefeito. Não sei a posição do Solidariedade que tem como figura de destaque o deputado estadual Fabrício Pancadinha. O Cidadania tem o vereador Ricardo Xavier, que apoia a gestão municipal e tem também seus indicados no centro administrativo.
O imbróglio principal fica com a disputa de quem vai exercer a liderança da federação. Um dos critérios, talvez o mais decisivo, diz respeito a Casa Legislativa. Ou seja, a legenda que elegeu mais vereadores indica o "presidente" da federação, que pode ser o próprio candidato eleito.
Dos partidos dessa improvável federação, o PSDB, Solidariedade e Cidadania elegeram um edil. O PDT nenhum. O PSB com dois indicaria o nome para ser o representante do quinteto partidário.
As federações não foram criadas com o intuito de melhorar o sistema eleitoral, e sim para satisfazer interesses partidários, a sobrevivência política e financeira dos políticos, principalmente dos que vivem nas custas do dinheiro público.
Marco Wense - Itabunense, Advogado e Articulista de Política. Assina a Coluna Wense, publicada diariamente em vários sites e blog da Bahia.
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