Começo o comentário de hoje com a opinião de Fabiano Lana, jornalista do Estadão: "O país só ganharia se começasse a trabalhar com novos candidatos, antes que oportunistas como os Gusttavos Limas e Plabos Marçais da vida ocupem este espaço".
É evidente que ao falar de "novos nomes", Fabiano está descartando o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o ex Jair Messias Bolsonaro (PL). O petista querendo se reeleger e o liberal sonhando em retornar ao Palácio do Alvorada.
Com efeito, Ciro Gomes, ex-presidenciável pelo PDT, cansou de dizer que a tal da polarização - Lula versus Bolsonaro - "aniquila o país", adjetivando-a de "odienta". O tempo vai mostrando que o polêmico e inquieto Ciro tinha razão.
Quando se condena a polarização, a inquestionável dedução é de um chega pra lá em Lula e Bolsonaro. O chamado "fogo amigo" ficou por conta de José Mucio Monteiro, ministro da Defesa, que declarou que "o fim da polarização é necessário para o país, que o revanchismo precisa ser colocado de lado".
Voltando as preocupações do lulopetismo e bolsonarismo, a primeira corrente política vive seu pior inferno astral e, como consequência, a esquerda brasileira. O governo Lula 3 está sem rumo e, o que é pior, cada vez mais refém do centrão, que tem como trunfo para conseguir mais espaços, principalmente em relação a Esplanada dos Ministérios, a força que tem para desengavetar um eventual pedido de impeachment.
E o bolsonarismo ? Eliane Cantanhêde, também jornalista do Estadão, acerta na mosca quando diz, na sua conceituada coluna, que Lula "está entregando o país de mão beijada para a direita".
A queda na popularidade de Lula chega a ser assustadora, mais especificamente entre seus eleitores, com a esmagadora maioria na classe baixa, no eleitorado mais pobre, principalmente entre os nordestinos. Outro ponto é que recente pesquisa do Ipec, divulgada sábado passado (15), aponta que 62% dos brasileiros acham que Lula não deveria se candidatar à reeleição.
O resultado da enquete traz à tona a seguinte pergunta, oportuna e pertinente : Quem seria o candidato do PT no pleito de 2026 ? Nem o próprio Lula, responsável por não criar uma opção na legenda, sabe. O primeiro eu, depois eu e eu, enterrou o surgimento de uma liderança com viabilidade eleitoral.
A preocupação-mor da direita, em decorrência da inelegibilidade de Bolsonaro, ao contrário do lulopetismo, é a quantidade de presidenciáveis, todos de olho no espólio eleitoral do "mito". Uma disputa entre eles, desencadeando um racha, já começa a dar os primeiros passos. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é o mais forte postulante.
Outro dilema que atormenta o lulopetismo é o "toma lá" sem ter a certeza do "dá cá". Ou seja, atender os pedidos do centrão sem saber se vai receber a contrapartida do apoio à reeleição de Lula.
A polarização lulismo versus bolsonarismo, pelo andar da carruagem, está muito longe de ter um fim. Essa é a preocupação de uma parte lúcida do eleitorado, infelizmente pequena.
COLUNA WENSE, SEGUNDA-FEIRA, 17.02.2025.
Marco Wense - Itabunense, Advogado e Articulista de Política. Assina a Coluna Wense, publicada diariamente em vários sites e blog da Bahia.
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