Um áudio gravado por Crispiniano Daltro, articulista do Página de Polícia, trouxe à tona uma discussão crucial sobre a precarização das funções da Polícia Civil. No material, Daltro denuncia a tentativa de substituição de policiais concursados por servidores temporários ou terceirizados, comprometendo a segurança das delegacias e a qualidade das investigações criminais.
No áudio, que circula entre policiais, Daltro critica a possibilidade de delegacias serem ocupadas por profissionais que não passaram pelo rigoroso processo de seleção para carreiras essenciais de Estado.
"A polícia trabalha em regime de plantão e risco de vida. Não se pode colocar qualquer pessoa para fazer o registro de ocorrências sem conhecimento do que está por trás de cada informação", ressalta.
A discussão se intensificou após recentes notícias sobre invasões a delegacias em grandes centros urbanos de São Paulo. Para Daltro, essa vulnerabilidade está diretamente ligada à falta de efetivo qualificado.
"Hoje, muitas delegacias têm pessoas que não são policiais ocupando funções essenciais. Isso enfraquece a instituição e coloca em risco a população e os verdadeiros policiais", afirma.
A polêmica também envolve a postura de representações sindicais da categoria policial, que, segundo o articulista, não estão agindo com o devido rigor para barrar essas práticas.
"O sindicato precisa tomar medidas legais e não aceitar esse tipo de indicação. Estamos falando de usurpação de função pública e falta de respeito à categoria", denuncia.
A gravação de Crispiniano Daltro expõe um problema estrutural que pode impactar profundamente a segurança pública e o funcionamento da Polícia Civil. A substituição de policiais concursados por servidores sem a devida formação e compromisso com a instituição levanta sérias dúvidas sobre a eficácia da investigação criminal e a segurança nas delegacias. Resta saber se as entidades representativas da categoria e o próprio governo tomarão medidas para reverter esse quadro, garantindo que a Polícia Civil continue sendo uma instituição de Estado, e não apenas um serviço precarizado.
Mais do que um alerta isolado, o áudio evidencia um cenário preocupante que exige ações concretas e imediatas. A precarização das forças policiais pode comprometer não apenas a qualidade do trabalho investigativo, mas também a confiança da sociedade na capacidade do Estado de oferecer segurança pública eficiente. O fortalecimento da Polícia Civil passa necessariamente pela valorização dos profissionais concursados, pela ampliação de investimentos e por políticas que priorizem a eficiência e a integridade das instituições. Sem isso, a tendência é de um agravamento da crise na segurança pública, com consequências graves para toda a sociedade.
Confira abaixo íntegra do áudio: