Antes mesmo do fim da carga horária do ‘Projeto Recria’, as internas do Presídio Feminino de Sergipe (Prefem) surpreendem pelo resultado apresentado nas aulas. A iniciativa de reaproveitamento de lonas para a confecção de bolsas e acessórios é uma ação do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem) e da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), em parceria com a Secretaria de Estado de Justiça e de Defesa do Consumidor (Sejuc).
O curso de qualificação contratado junto ao Serviço de Aprendizagem Industrial (Senai) capacita 30 internas no corte e costura desse material. Nesta sexta-feira, 21, foi dia de conferir o resultado das aulas que acontecem na unidade. Para a gestora da Seteem, Elayne Araújo, o desempenho demonstra o interesse dessas mulheres em fazer do aprendizado um meio de ressocialização após o cumprimento da pena. “Este é um trabalho que transforma não apenas a lona, mas também a mente. Elas estão de parabéns, pois foi dada uma meta e elas superaram. A Seteem viabilizar a comercialização dessas peças”, informou.
De acordo com a coordenadora pedagógica do Senai, Elaine Cibelle, as alunas superaram as expectativas. “Foram apresentados seis modelos e elas já criaram outros seis. Esta é a segunda demanda do Senai no curso que, para nós, ainda é considerado piloto e elas estão de parabéns pela evolução”. Para J.S de 26 anos, que não tinha qualquer experiência com máquina de costura, as aulas têm sido uma forma de distrair a mente e tirar um pouco o foco do presídio. Mas, além disso, ela demonstra habilidade com as técnicas ensinadas. “Eu não tive muita dificuldade, porque mentalizo e pego as práticas rápido. Sou curiosa, quero aprender de tudo um pouco. Pretendo continuar. Durante o curso foco só no que estou fazendo”, disse.
A instrutora do curso, Rafaella Freire, explicou que a turma da manhã já tinha um pouco de experiência do projeto Odara, da própria Sejuc, que também lida com costura. Já a turma da tarde iniciou totalmente do zero. “Imagina uma pessoa que nunca pegou nenhuma máquina, já começar com a máquina industrial. Isso é muito bom. E um material difícil de costurar, a lona, porque ela é rígida, então precisa de uma certa manualidade, um certo controle, tanto na mão quanto no pé. Então, logo de primeira, eu vi um esforço muito grande de todas as alunas”, relatou.
C.O.G. é uma das integrantes do curso que já tinha um pouco de conhecimento em costura, mas nunca com este tipo de material. “Para mim, está sendo maravilhoso, porque eu já trabalho aqui na Odara e tenho um pouco de experiência, mas muitas coisas eu ainda não tenho habilidade. É um aperfeiçoamento”, contou a interna. A capacitação profissionalizante, que tem um alinhamento direto com preocupação ecológica de reaproveitamento de materiais, tem como objetivo a ressocialização e opção de renda após o cumprimento da pena. A coordenadora pedagógica das unidades prisionais da Sejuc, Marli Barreto, ressalta a importância de parcerias como esta. “Esperamos que ao saírem daqui com essa capacitação elas tenham oportunidade de um trabalho autônomo para garantir um sustento para elas, suas famílias e ter outra oportunidade de ressocialização”, destacou a coordenadora.