O Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura Arte Aperipê de Sergipe (Funcap), realizou nesta terça-feira, 25, a assinatura do Programa de Registro de Patrimônio Vivo da Cultura Sergipana - Lei dos Mestres, com a participação do governador Fábio Mitidieri. A solenidade realizada no Palácio Museu Olímpio Campos dá continuidade ao reconhecimento de diversas figuras que se dedicam à manutenção e preservação das tradições culturais, tendo papel de fundamental importância e relevância para manter viva a riqueza cultural e a história sergipana.
A Lei dos Mestres é uma seleção e registro de pessoas com relevante contribuição à cultura local, para que usufruam de direitos e, em contrapartida, mantenham sua prática cultural ativa, compartilhando saberes com a comunidade sergipana. Os selecionados têm como benefícios o Título de Patrimônio Vivo da Cultura Sergipana, bolsa mensal vitalícia de incentivo equivalente a dois salários mínimos, e prioridade na análise de projetos culturais. Ela teve início no ano passado, com cinco contemplados, e agora abrange mais cinco nomes.
O governador exaltou a homenagem e a importância desses personagens para a cultura do estado. “O que a gente aqui faz aqui é uma justa homenagem e é preservação de nossa memória e de nosso saber popular. Esse valor a ser recebido por eles é uma justiça por tudo que eles produziram durante a sua vida, com trabalho e dedicação à arte e cultura em Sergipe. A melhor forma de reconhecê-los é em vida, e tenho convicção que essa lei vem em uma ótima hora, no momento em que o Estado valoriza tanto sua cultura. Isso nos fortalece e passa uma mensagem clara que apoiamos, e por meio da cultura e da arte, valorizamos cada vez mais a nossa história”, afirmou Fábio Mitidieri.
Cinco pessoas foram homenageadas e receberam o título de Patrimônio Vivo da Cultura de Sergipe. Foram elas: Marilene dos Santos Moura, a “Mestra Marilene", do Reisado São José, no Povoado São José, em Japaratuba; Rosualdo da Conceição, o “Mestre Diô", que está à frente do grupo de Samba de Coco do Mosqueiro; Josefa Santos de Jesus, a “Finha de Zé de Totó”, mestra da Dança de Roda do Quilombo Sítio Alto, em Simão Dias; Marizete Lessa, a “Mãe Marizete”, candomblecista mais antiga de Sergipe; e Severo D'Acelino, que participou da fundação do Movimento Negro contemporâneo em Sergipe e é fundador e coordenador-geral da Casa de Cultura Afro Sergipana. Ao final, o grupo Samba de Pareia realizou uma apresentação ao público.
Mestra Marilene, além de receber a homenagem, entregou um buquê de flores ao governador em nome dos contemplados. “Para mim é um momento único e maravilhoso. Não esperava tanto a essa altura da vida! Quando eu comecei a viver, resgatei esses grupos e minha vida mudou completamente. Sou muito feliz, faço isso há 25 anos e com o maior prazer do mundo”, disse ela.
Severo D’Acelino também expressou sua felicidade com o reconhecimento. “A cultura é a expressão da vida, da verdade e vivência. Esse reconhecimento do governo é o que a gente busca e espera por fazermos cultura. Se nós somos reconhecidos, há um alimento. Isso é muito importante para nós, e agradecemos muito ao governador e ao grupo que pensou nesse projeto, estando dentro do contexto da representatividade”, colocou.
Sobre a lei
O Programa de Registro de Patrimônio Vivo da Cultura Sergipana - Lei dos Mestres incentiva e impulsiona a atuação de pessoas que tradicionalmente mantém e salvaguardam aspectos relevantes da cultura de Sergipe. O objetivo é assegurar a transmissão de conhecimentos e contribuições culturais, incentivando a participação dos mestres em programas de ensino-aprendizagem e cedendo ao Estado os direitos de uso dos conhecimentos dos mesmos.
A seleção é feita via edital, e para participar os candidatos devem comprovar suas contribuições na manutenção de aspectos da cultura sergipana em diversas linguagens, além de possuir atuação comprovada na área por no mínimo seis anos. O edital dispõe de cinco vagas, sendo ao menos três destinadas às Culturas Populares.
O projeto foi idealizado pelo então deputado estadual e hoje vice-governador Zezinho Sobral. “Como sergipanos, ficamos muito contentes por tudo isso. Nos termos da lei, o mestre recebe um apoio financeiro durante toda a sua vida, com a contrapartida de continuar transmitindo para as novas gerações o seu conhecimento. É a garantia da preservação da nossa história, assegurando a nossa sergipanidade. E para mim, como autor do projeto lá atrás, a alegria é ainda maior”, pontuou.
O presidente da Funcap, Gustavo Paixão, também esteve presente e reforçou a necessidade de cuidar das referências da cultura sergipana. “A cultura de Sergipe é algo indescritível. Nosso estado é muito plural, e estamos aqui para celebrar isso. O prêmio nada mais é que uma valorização a pessoas que se doaram por uma vida em prol da nossa cultura, e ver esse brilho nos olhos de vocês é lindo e nos motiva”, completou.