A desconexão entre Governo e População
Recentemente, o governador Jerônimo Rodrigues (PT), fez elogios entusiasmados às forças de segurança da Bahia, destacando o desempenho da Polícia Militar e da cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP). No evento em questão, os aplausos foram garantidos, considerando a presença majoritária de policiais civis, militares, assessores e políticos. No entanto, esse cenário controlado contrasta fortemente com a realidade das ruas, onde a população, que vive diariamente os desafios da violência, reage de forma espontânea e muitas vezes com vaias.
O Contraste com a gestão do velho ACM
Diante do aumento da criminalidade e do temor que faz com que os baianos se recolham em casa após as 18 horas, é inevitável relembrar a postura do ex-governador Antônio Carlos Magalhães (ACM). Em tempos de crise na segurança pública, ACM não hesitava: convocava a imprensa, anunciava a demissão de toda a cúpula da SSP e já nomeava um novo secretário, que, por sua vez, assumia imediatamente com a missão de reformular as lideranças da Polícia Civil e Militar. O recado era claro: resultados concretos ou novas demissões em bloco.
A atuação do ex-governador era marcada por uma fiscalização rigorosa. Ele acompanhava a atuação policial, interferia quando necessário e não permitia desvios de foco. Exemplo disso era a postura crítica diante de iniciativas festivas dentro das corporações durante o Carnaval. Para ACM, a polícia deveria estar nas ruas garantindo a segurança da população, e não envolvida em desfiles e outras distrações.
Reflexão e urgência por Mudanças
O Estado da Bahia, conforme as estatísticas oficiais, mantém-se há 17 anos no topo do ranking da criminalidade, um desafio que demanda sensibilidade, percepção e a formulação de políticas de segurança pública eficazes. Para enfrentar essa realidade, é essencial a adoção de estratégias policiais que priorizem a prevenção e a ocupação de espaços estratégicos por meio do policiamento ostensivo permanente da Polícia Militar, atuando 24 horas por dia.
Essa presença deve estar em sintonia com as funções da Polícia Judiciária, garantindo a atuação integrada dos investigadores da Polícia Civil na elucidação de crimes. Somente com essa cooperação entre forças de segurança será possível alcançar resultados concretos e confiáveis no combate à criminalidade.
Diante desse cenário, fica o questionamento: o governador Jerônimo Rodrigues seguirá os passos dos seus antecessores ou promoverá mudanças efetivas na segurança pública? Após 17 anos de gestão do mesmo partido, a violência segue sendo uma das principais preocupações dos baianos. O momento exige mais do que discursos e elogios internos – requer uma ação firme e imediata antes que a criminalidade se torne ainda mais incontrolável.
por Crispiniano Daltro