A discussão sobre a chapa 100% petista vai continuar dominando a sucessão do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Não tem como o jornalismo político fugir do tema.
O assunto vem logo à tona com a fala de uma liderança política sobre a majoritária puro-sangue, como a do senador Otto Alencar, presidente do PSD da Bahia.
Questionado sobre a chapa, Otto saiu pela tangente: "Só discuto eleição no ano de eleição, aí você me procura em abril de 2026 que lhe digo", respondeu ao Política Livre. O imbróglio são duas vagas para o Senado para três postulantes : Jaques Wagner (PT), Angelo Coronel (PSD), ambos buscando à reeleição, e o ministro Rui Costa (PT) com o aval do presidente Lula.
O que chamou atenção, deixando muita gente curiosa, foi Otto usar a política nacional como um caminho que pode evitar um racha na base aliada, mais especificamente entre o PSD e PT.
Otto disse que "existem espaços a serem ocupados, inclusive no cenário nacional, que podem ajudar a resolver a equação regional". E aí cabe a pertinente e oportuna pergunta: Que espaços seriam estes como forma de apaziguar o problema provocado pelo senador Jaques Wagner? Seria a titularidade de um ministério para o Coronel, com a promessa de que ficaria no cargo se Lula for reeleito?
Já disse aqui que esse pega-pega na composição de uma majoritária puro-sangue petista é tudo que Gilberto Kassab, dirigente-mor nacional do PSD, quer. Seria o argumento para o partido deixar o lulopetismo e apoiar o presidenciável Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo.
Lembrando que Kassab é político de inteira confiança do chefe do Palácio dos Bandeirantes, seu secretário de Relações Institucionais. Kassab quer ser o candidato a governador de São Paulo com o apoio de Tarcísio. Salta aos olhos que Tarcísio, como contrapartida, vai querer o PSD da Bahia ao seu lado no pleito presidencial de 2026.
O PT da Boa Terra tem que pensar duas vezes, se é que se preocupa com a reeleição de Lula, antes de defenestrar, sem dó e piedade, o senador Angelo Coronel da majoritária.
Gilberto Kassab está de olho nesse pega-pega em torno da ousada pretensão do PT de formalizar uma majoritária 100% petista.
Concluo dizendo que o PT não pode levar a eleição de 2026 com soberba. A última pesquisa da Quaest/Genial diz que o governo Lula é desaprovado por 51% dos baianos.
O PSD é o fiel da balança na sucessão estadual. PT versus PSD vai transformar o sonho do segundo mandato de Jerônimo Rodrigues em um grande pesadelo.
COLUNA WENSE, TERÇA-FEIRA, 11.03.2025.
Marco Wense - Itabunense, Advogado e Articulista de Política. Assina a Coluna Wense, publicada diariamente em vários sites e blog da Bahia.
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