ARTICULISTAS FIQUEMOS DE OLHO
Sinhozinho Malta e Odorico Paraguaçu: Qual o Chocalho que Soa Mais Alto?
Fiquemos de olho. O espetáculo continua.
12/03/2025 10h58
Por: Carlos Nascimento Fonte: por Lisdeili Nobre

Em uma cidade distante, mas nem tanto — longe, mas perto também — a Câmara de Vereadores mal saía do clima de boas-vindas e já começava a incorporar seu enredo coronelista digno de novela das oito. No toque de marcar território das autoridades, dois sinhozinhos ajeitavam o cinto, balançavam o relógio no pulso e faziam aquele clássico movimento de quem tem o poder no gogó.

Os dois sinhozinhos lembravam figuras emblemáticas: um com trejeitos de Sinhozinho Malta, o outro, um autêntico Odorico Paraguaçu. Abriram-se as cortinas para o embate! Parecia um duelo, e os sinhozinhos logo se posicionaram, com a plateia de blogueiros atenta, ávida por cada gesto e palavra. Mas, em vez de trabucos, o que sacavam eram discursos. E que discursos! "Repressão" era o mote do duelo, repetida entre chocalhadas dos relógios que demarcavam território.

Pois bem, caros leitores, se nossos sinhozinho Malta e Odorico resolvessem sair um pouco de seus personagens e entrassem num diálogo mais proativo, perceberiam que repressão tem seu lugar. Sim, infelizmente a Polícia Civil e a Polícia Militar precisam dela para manter a ordem pública. Porém, quando uma política pública é baseada somente na repressão, fica claro que os sinhozinhos esqueceram de fazer o dever de casa.

Faltam políticas educacionais e de todas as ordens decentes. Faltam espaços adequados para lazer, cultura, música, esporte para os jovens. E o que acontece quando o Estado se ausenta dessas responsabilidades? Outro sinhozinho entra em cena, batendo na mesa e bradando por repressão como remédio — um remédio amargo, de efeito colateral forte, que só se toma quando tudo já deu errado.

Ah, e antes que perguntem onde fica essa cidade não tão distante, informo: ela está ali, no Alto da Compadecida, onde a realidade política se desenrola entre o cômico e o trágico.

E agora, meus amigos, fiquemos atentos, pois as cenas dos próximos capítulos prometem esquentar. Quem será que vai erguer o chocalho mais alto? E, mais importante, quando é que vão entender que política pública de verdade se faz antes do problema, e não depois da catástrofe?

Fiquemos de olho. O espetáculo continua.

Nós, Ainda estamos aqui.

Sobre a Autora

> Lisdeili Nobre é doutoranda e mestre em Políticas Públicas, especialista em Planejamento de Cidades, docente de Direito, cronista, delegada de polícia, produtora e roteirista de TV. Sua experiência une o olhar acadêmico e a prática em desenvolvimento de políticas para abordar temas relevantes da sociedade, cultura e economia.