A Fragmentação do Sistema Policial
(*) O Sindpesp alerta que o remanejamento de policiais para sete novas Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) 24h, anunciado pelo governo paulista, agrava o déficit de 14.589 servidores na Polícia Civil. A presidente do sindicato, Jacqueline Valadares, critica a sobrecarga e possível queda na eficiência das investigações. O sindicato cobra estudo sobre o impacto da medida, indenização para policiais deslocados e reclassificação das DDMs para garantir mais recursos. Apesar de apoiar a ampliação das DDMs, defende estrutura adequada e novas contratações para evitar prejuízos ao atendimento e à saúde dos policiais. (publicado no site: https://delegados.com.br/, em 11.03.2025)
https://delegados.com.br/noticia/sindicato-dos-delegados-de-sp-critica-remanejamento-de-efetivo-ja-em-deficit-para-a-abertura-de-novas-ddms-24h/
A criação de delegacias especializadas, como as de proteção às mulheres, ao idoso e ao turismo, tem sido uma prática comum, mas será que essa pulverização realmente melhora o atendimento à população? Segundo Crispiniano Daltro, a multiplicação dessas unidades tem mais caráter político do que funcional. Ele argumenta que essas delegacias poderiam ser unificadas em uma única estrutura administrativa, funcionando apenas em horário comercial, enquanto as delegacias de bairro assumiriam as ocorrências em flagrante.
Daltro critica o que chama de "cabide de empregos" na polícia, onde cargos de chefia são criados sem que haja um efetivo suficiente para atuar na investigação e no policiamento ostensivo. Segundo ele, a centralização dessas unidades especializadas em uma única divisão permitiria um treinamento mais eficiente dos policiais e a redistribuição de agentes para as delegacias de bairro, fortalecendo o atendimento direto à população.
A Falta de Investigação e a Burocracia
Outro ponto levantado é a deficiência na investigação criminal. Daltro ressalta que, no passado, os investigadores possuíam redes de informantes e trocavam informações entre as delegacias para solucionar crimes com mais rapidez. Hoje, ele observa uma burocratização excessiva, onde os delegados concentram todas as decisões, mas pouco investigam.
A estrutura policial atual, segundo ele, está desorganizada e ineficiente. Muitos agentes passam mais tempo cumprindo funções administrativas do que realizando investigações. Além disso, os inquéritos se acumulam, e crimes só são solucionados quando há flagrante. O autor defende que os investigadores e escrivães deveriam ter mais autonomia para conduzir investigações e encaminhar os casos ao Ministério Público.
A crítica de Crispiniano Daltro aponta para um sistema policial fragmentado, burocrático e ineficiente. Ele sugere uma reestruturação que envolva a unificação das delegacias especializadas, o fortalecimento das delegacias de bairro e a descentralização da investigação criminal. Para ele, o foco deve estar na eficiência e na atuação investigativa contínua, e não na criação de cargos e estruturas apenas para fins políticos.
A polícia precisa voltar a investigar de fato, garantindo que crimes sejam esclarecidos com base em trabalho estratégico e não apenas em prisões em flagrante.