Sexta, 14 de Março de 2025
26°C 27°C
Salvador, BA
Publicidade

ENQUANTO ISSO NO CAMAROTE: Policial Civil dança por três segundos no Carnaval e vira alvo de Sindicância

CONFIRA VÍDEOS: Decisão contraditória da Polícia Civil gera polêmica e levanta questionamentos sobre excesso de rigor disciplinar.

Carlos Nascimento
Por: Carlos Nascimento Fonte: Redes Sociais/DOE
13/03/2025 às 18h48
ENQUANTO ISSO NO CAMAROTE: Policial Civil dança por três segundos no Carnaval e vira alvo de Sindicância

Durante os festejos do Carnaval de Salvador 2025, um investigador da Polícia Civil foi filmado em um momento de descontração. No vídeo, que viralizou nas redes sociais, o policial aparece por três segundos balançando discretamente o corpo ao som da música, trajando uniforme “oficial” da instituição, com distintivo, arma de fogo na cintura e segurando uma latinha em uma das mãos. Importante ressaltar que ele estava em um local reservado, sem interferir na segurança da população ou comprometer suas funções.

A reação ao vídeo, no entanto, foi contraditória. Enquanto a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) compartilhou as imagens em seu perfil oficial, elogiando a interação entre policiais e foliões durante o evento, a Polícia Civil tomou uma decisão oposta. No dia 13 de março de 2025, foi publicada no Diário Oficial do Estado a Portaria POLÍCIA CIVIL Nº 00911688, assinada pela Delegada Geral Heloísa Campos de Brito, instaurando uma sindicância para apurar a conduta do policial.

PORTARIA P.CIVIL Nº 00911688 DE 12 DE MARÇO DE 2025

 

Foram designados os Delegados de Polícia Antonio Boaventura Gonçalves Filho, Zoraide Nery Maceió Lopes e Ana Carolina Rezende Midlej Oliveira para apurar as circunstâncias do ocorrido.

A investigação tem como objetivo determinar se houve infração administrativa e/ou criminal, considerando que o policial estava uniformizado e supostamente em serviço extraordinário. O prazo estabelecido para a conclusão é de 30 dias, podendo ser prorrogado em caso de necessidade.

NOTA DE REPÚDIO DOS SINDICATOS DOS POLICIAIS CIVIS DA BAHIA

 

RIGOR EXCESSIVO OU JUSTIFICÁVEL?

A repercussão desse caso revela um contraste preocupante dentro da segurança pública baiana. De um lado, a SSP-BA enaltece a interação dos agentes com a sociedade, demonstrando que um policial pode ser humano sem deixar de exercer sua função. De outro, a Polícia Civil impõe um “rigor excessivo” ao instaurar uma sindicância contra um servidor que, ao que tudo indica, não cometeu qualquer infração grave.

Afinal, qual é o limite entre profissionalismo e humanização na atuação policial? A imagem institucional realmente foi abalada por um gesto tão simples? Ou essa postura repressiva acaba sendo mais prejudicial, distanciando a corporação da população que deveria proteger?

O uso do uniforme policial carrega grande simbolismo, representando autoridade, compromisso e responsabilidade. No entanto, é preciso diferenciar atitudes que comprometem a dignidade da função pública daquelas que apenas refletem a humanidade dos servidores. Não há indícios de que o policial, ao balançar discretamente o corpo por três segundos, tenha desrespeitado suas obrigações ou colocado em risco a segurança pública.

A incoerência nas decisões institucionais enfraquece a confiança dos servidores e da sociedade. Se a Polícia Civil deseja uma imagem respeitada, precisa garantir que seus atos administrativos sejam pautados pelo bom senso, pela razoabilidade e pela proporcionalidade. Caso contrário, corre o risco de se tornar refém de uma burocracia punitiva que desmotiva seus profissionais e afasta a corporação da população.

Se a intenção da SSP-BA é aproximar a polícia do povo, atitudes como essa sindicância vão na contramão desse objetivo. Afinal, punir um policial por demonstrar um traço humano e natural não fortalece a instituição – pelo contrário, apenas reforça a percepção de um sistema que não valoriza seus integrantes.

CONFIRA VÍDEOS:

O OUTRO LADO DO SERVIDOR PÚBLICO E A FALTA DE REPRESENTAÇÃO CLASSISTA

por CRISPINIANO DALTRO

Vejo, nas redes sociais, colegas policiais militares fardados participando de rodas de capoeira, e não considero que isso prejudique a imagem da instituição. Pelo contrário, essa interação mostra o outro lado do servidor público: um ser humano como qualquer outro cidadão.

O que me chama atenção é que um investigador, também fardado, foi observado apenas por reagir naturalmente ao som de uma canção. Qual o crime nisso? Ele estava namorando, abraçado ou aos beijos? Não.

Outro dia, vi na TV um cidadão nu, aparentemente surtado ou alcoolizado, que foi detido e, posteriormente, identificado como delegado da polícia civil. Por que expô-lo dessa forma desnecessária? Ele sequer poderia se identificar, pois nem bolso tinha para carregar seu distintivo ou carteira funcional.

A Corregedoria deveria se atentar ao verdadeiro absurdo que ocorre: delegacias da Polícia Civil fechadas à noite sob a justificativa de falta de efetivo de delegados. No entanto, basta visitar a sede da Polícia, a ACADEPOL, os departamentos e as novas coordenadorias para encontrar delegados ocupando cargos administrativos, de direção, sem sequer terem subordinados—são diretores de si mesmos. Isso, sim, é um absurdo e deveria ser investigado.

Além disso, a falta de uma representação classista forte tem sido um grande problema. No tempo do SINDPOC sob a liderança de Alcindo e em nossa época, essa situação jamais teria sido permitida. Já teríamos desmantelado essa armação antes que ganhasse força. Não aceitávamos esse tipo de postura e sempre lutamos para garantir que os direitos dos policiais fossem preservados, independentemente da categoria—IPC, EPC, peritos ou delegados. Nossa atuação era baseada na justa representação da classe, e não permitiríamos tamanho desrespeito.

Crispiniano Daltro

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
PAPO DE POLÍCIA
PAPO DE POLÍCIA
Ver notícias
Salvador, BA
26°
Parcialmente nublado
Mín. 26° Máx. 27°
27° Sensação
2.84 km/h Vento
73% Umidade
24% (0.12mm) Chance chuva
05h37 Nascer do sol
05h37 Pôr do sol
Sábado
28° 26°
Domingo
28° 26°
Segunda
28° 26°
Terça
27° 26°
Quarta
27° 26°
Publicidade
Publicidade


 


 

Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,80 -0,01%
Euro
R$ 6,29 +0,02%
Peso Argentino
R$ 0,01 +0,00%
Bitcoin
R$ 512,672,43 +3,47%
Ibovespa
125,637,11 pts 1.43%
Publicidade
Publicidade
Enquete
Nenhuma enquete cadastrada
Publicidade
Anúncio