A estratégia de Jair Messias Bolsonaro (PL) de lançar sua candidatura na sucessão presidencial de 2026, colocando um dos filhos como vice, é a prova inconteste de que não confia em Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo.

Bolsonaro está inelegível até 2030. Sabe que dificilmente haverá uma reviravolta. O vice, um dos filhos, assumiria a cabeça da majoritária. O discurso da perseguição, de que a inelegibilidade é um atentado ao Estado Democrático de Direito, seria o mote da campanha. 

A disputa pela vice entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, ambos tendo o PL como abrigo partidário, já começou. O que se comenta é que a preferência do ex-presidente é por Eduardo. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro quer ser senadora. As pesquisas irão indicar por qual Estado sua eleição enfrentaria menos obstáculos. 

A ida constante de Eduardo aos Estados Unidos não visa só uma ofensiva contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar acha que as reuniões com integrantes do governo Trump o torna mais presidenciável. A preferência do pai Bolsonaro por seu nome ficaria mais consolidada. Quer também passar para o bolsonarismo que é o candidato do todo poderoso presidente dos Estados Unidos. 

E qual é o trunfo de Flávio Bolsonaro para enfrentar o irmão? Os defensores de que ele é quem deve ser o vice, têm como argumento o próprio Senado, que todos os senadores bolsonaristas querem o colega de Parlamento como candidato à presidência da República na sucessão de 2026. Muitos fazem cara feia para o deputado. 

O que se comenta nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, é que o critério das pesquisas será usado. Quem mostrar mais viabilidade eleitoral para derrotar o PT será o candidato. 

Portanto, nada de Tarcísio de Freitas. Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que Bolsonaro, quando o assunto é a possibilidade do chefe do Palácio dos Bandeirantes disputar a sucessão de 2026, torce o nariz. 

Tarcísio de Freitas só será o candidato do bolsonarismo se os planos A, B e C falharem, respectivamente com a inelegibilidade de Bolsonaro, considerada como favas contadas, a retirada do nome de Michele Bolsonaro e, por último, o plano C, com as pesquisas indicando que Eduardo e Flávio não seriam competitivos. 

O apoio a Tarcísio é assentado na unânime opinião de que é melhor ele com chance de sair vitorioso do que o quarto mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, uma derrota para o lulopetismo. 

O governador de São Paulo é o plano D do ex-presidente Bolsonaro. O ex-morador do Alvorada teme ser traído pelo correligionário, gestor do maior colégio eleitoral do País. 

Sendo presidente, no comando do cargo mais cobiçado do Poder Executivo, Tarcísio de Freitas terá luz própria. Não vai aceitar ser um boneco de engonço, uma marionete do bolsonarismo e, muito menos, de Bolsonaro.
COLUNA WENSE, SÁBADO, 16.03.2025. 

Marco Wense - Itabunense, Advogado e Articulista de Política. Assina a Coluna Wense, publicada diariamente em vários sites e blog da Bahia.

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