ARTICULISTAS PÃO E O CIRCO
SAMBA DO CRIOULO DOIDO
A alegria contagiante do carnaval baiano, com suas músicas, ritmos e danças, só podem ser vividas nos camarotes luxuosos, ao longo do circuito do carnaval, ou em cima dos trios elétricos.
17/03/2025 10h45 Atualizada há 21 horas
Por: Carlos Nascimento Fonte: Bel Luiz Ferreira

A alegria contagiante do carnaval baiano, com suas músicas, ritmos e danças, só podem ser vividas nos camarotes luxuosos, ao longo do circuito do carnaval, ou em cima dos trios elétricos.

Ao contrário do que vemos nos luxuosos camarotes, e em cima dos trios elétricos, onde mulheres e homens com corpos esculturais, elegantes, literalmente desfilam luxos, no asfalto o povão faz o que pode para se divertirem. Alguns personagens se fantasiam de forma hilária, outros aproveitam o momento e usam adereços e placas com dizeres, em forma de algum tipo de protesto, é assim que funciona a magia do carnaval.

Nos ambientes luxuosos dos camarotes, há excelentes culinárias, músicas de todos os ritmos, e até massagens para os foliões que assim necessitem. Muitas paqueras, muitos beijos, e muita felicidade, afinal, é carnaval, é uma folia que só é uma vez por ano, vale tudo!

Na parte baixa do alto clero, está a plebe, que entre um empurrão e outro, tenta ficar de pé, quando não sofre um soco de um outro folião, recebe uma cacetada de um policial militar, que em nome da segurança pública, tenta colocar ordem no "puteiro".

Sem perceber, e hipnotizados pela magia do carnaval, o povo sobe e desce as ruas, becos e ladeiras, e não se cansam, e não se entregam, muito pelo contrário, a cada trio elétrico que surge com seus sons eletrizantes, o povão coloca em prática uma nova coreografia.

É impossível não fazermos algumas ponderações, como também comparações, diante deste cenário. Na Roma antiga, os coliseus eram utilizados para trava-se lutas até a morte, entre um ser humano e outro, entre humanos e animais ferozes, como tigres, leões, e na arquibancada, estavam o povo mais abastado, e o imperador, que admiravam aquela barbárie. Parece semelhante ao nosso atual carnaval, ou não?

Assim também ocorria na época do Brasil Império, quando ainda existia a escravidão, onde os negros eram submetidos a trabalhos árduos e desumanos, trabalhavam em troca de comida e senzala, e mesmo assim, quando podiam, cantavam, dançavam e jogavam capoeira, e se fossem descobertos, eram levados ao tronco, chicoteado e muitas das vezes, mortos. Parece semelhante ao nosso atual carnaval, ou não?

A semelhança inegável que faço de todo este contexto é que a história se repete, que o pão e o circo até hoje são oferecidos, como forma de acalento ao corpo e a alma, que o pobre e o negro até hoje joga capoeira, dança, mas, que o faça escondido, pois só a seus súditos é que é dado o direito da alegria, só quem pode dançar e beijar, são os patrões, porque ao trabalhador é passivo de punição, já que aboliram o pelourinho e as chicotadas.

Viva o carnaval, e se for beber, não dance! 

Bel Luiz Carlos Ferreira de Souza - Brasileiro, baiano, casado, 63 anos, servidor público aposentado pelo estado da Bahia, atualmente reside no estado do Rio Grande do Sul, com formação técnica em redator auxiliar, acadêmico em História, Direito, pós-graduado em Ciências Criminais, política e estratégia e mestrando em políticas públicas.

Contato: lcfsferreira@gmail.com 

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