É interessante observar a postura da instituição ao analisar a situação de um colega que, agora, todos nós sabemos quem é: o grande Osvaldo, profissional com relevantes serviços prestados à corporação. Ele foi denunciado ao órgão correcional por conta de uma simples dança, e a instituição quer avaliar que tipo de conduta irregular ou ilícita ele teria praticado.
Trata-se apenas de uma dança, sem qualquer ofensa – nem a ele próprio, nem à música, nem a ninguém. A instituição deveria, dentro do prazo adequado, responder se essa conduta é, de fato, passível de punição. E mais: deveria também questionar aqueles que concedem carros oficiais a amigos, que entregam carteiras funcionais de investigador de polícia a quem não pertence à carreira, ou que cedem armas de fogo a terceiros que não são policiais.
Por que isso acontece? Porque essas pessoas fazem parte do mesmo grupo que hoje determina a instauração de processos administrativos contra um policial civil por conta de uma simples dança. Parece que é mais aceitável entregar um distintivo, um carro e uma arma a alguém de fora da Polícia Civil do que dançar no Carnaval. Caso contrário, quem dança é o próprio policial.
Essa é a Polícia Civil em que vivemos, que prega a união e afirma que delegados, investigadores e escrivães são parceiros. Mas sabem por quê? Porque aqueles que comandam seguram o chicote, enquanto nós apenas obedecemos. No entanto, com as redes sociais e com um Ministério Público atuante, esse tipo de conduta tende a acabar. Enquanto não tivermos voz para denunciar, eles continuarão agindo da mesma forma. Felizmente, hoje contamos com as redes sociais e a imprensa para expor atitudes covardes e vergonhosas que a instituição insiste em praticar contra investigadores e escrivães de polícia.
Eu não tenho medo. E não é porque estou aposentado que falo sobre isso. Sempre me manifestei quando estava na ativa e continuo me posicionando agora. Vivo do meu salário, fruto da minha escolha de ingressar na Polícia Civil em 1988. Como sempre digo: saí pela porta da frente – diferente do ex-secretário de Segurança Pública, que, apesar de não ser policial civil, deixou o cargo pelas portas dos fundos, envolvido na Operação Faroeste. Diferente também da delegada Selma, que, segundo apurações da própria Justiça, praticava diversas falcatruas ao lado de seu companheiro, um estelionatário.
Essa não é a Polícia Civil que queremos. Esse tipo de conduta nos envergonha. E vejam: citei aqui um ex-secretário de Segurança Pública, delegado federal, e uma delegada de polícia concursada – pessoas que, por suas funções, jamais deveriam se envolver em atos ilícitos.
Mas, no fim das contas, a grande vilã continua sendo a dancinha de Osvaldo.
Colegas, pensem duas vezes antes de fazer qualquer coreografia. Isso, aparentemente, é crime. Mas dar carro, arma de fogo e distintivo ao namorado, não. Afinal, quem fez isso foi um ex-delegado-chefe.
Bel Luiz Carlos Ferreira de Souza - Brasileiro, baiano, casado, 63 anos, servidor público aposentado pelo estado da Bahia, atualmente reside no estado do Rio Grande do Sul, com formação técnica em redator auxiliar, acadêmico em História, Direito, pós-graduado em Ciências Criminais, política e estratégia e mestrando em políticas públicas.
Contato: lcfsferreira@gmail.com
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