Por Crispiniano Daltro
No Brasil, um cenário triste e recorrente se desenha com a atuação de políticos e gestores que, ao assumirem cargos administrativos, acabam afundando a economia e desperdiçando vastos potenciais. Um exemplo simbólico disso pode ser observado no caso de um antigo navio, que, embora enfraquecido pelo tempo para navegação, ainda poderia ser uma joia para o turismo, adaptando-se como local de visitação, restaurante, bar ou até mesmo espaço para eventos culturais e musicais. O que deveria ser uma estratégia inovadora e sustentável, no entanto, é ofuscado pela falta de visão e pela teimosia de gestores imaturos que, ao invés de buscar soluções criativas, preferem deixar a oportunidade ir por água abaixo.
A história do Brasil está repleta de exemplos de gestores visionários, como o próprio Juscelino Kubitschek, que pensaram além de suas gerações e souberam utilizar o potencial do país para criar projetos de grande impacto, como o Centro Administrativo e Político do Brasil (CAB), marco de uma administração que visava o crescimento e a integração do país. No entanto, o Brasil atual parece distante de se lembrar dessas práticas exemplares. O que temos hoje são "novos" gestores que, em sua maioria, têm uma visão estreita e pouco conectada com a realidade das necessidades do país. Ao invés de procurar soluções viáveis e criativas para aproveitar recursos existentes, como o caso do navio, muitos preferem ver esses recursos sucumbirem à inação ou à justificativa de que não são mais úteis para a atividade comercial.
Entre as desculpas apresentadas por esses gestores, um dos argumentos mais comuns é o uso do navio como uma peça para a manutenção de "benefícios", seja para a promoção de turismo subaquático ou para incentivar a pesca local, atividades que, em teoria, trariam algum retorno. No entanto, fica a dúvida: qual é o real potencial desses setores para gerar resultados expressivos em termos de turismo e economia local? A realidade é que essas ideias muitas vezes falham em uma análise crítica e pragmática, sendo muitas vezes apenas paliativos para o verdadeiro desperdício de oportunidades.
O verdadeiro problema do Brasil é a falta de valorização da experiência e da sabedoria acumulada por gestores mais antigos, que possuem um olhar futurista, mas fundamentado na prática. Infelizmente, hoje, muitos jovens gestores ignoram ou desqualificam os veteranos, considerando-os "ultrapassados" e sem utilidade, apenas porque suas abordagens não se alinham com as teorias da moda ou as visões mais acadêmicas e tecnocráticas. Esse tipo de mentalidade tem levado o país a um atraso significativo, impedindo o uso pleno do potencial humano e material.
Em contraste com essa visão ocidental, países da cultura oriental, por exemplo, sabem bem que o conhecimento é algo que se constrói ao longo do tempo, e que a experiência é fundamental para guiar as decisões de gestão. Infelizmente, o Brasil parece estar preso a um ciclo de ignorância, em que a sabedoria dos mais velhos é sistematicamente descartada em favor de modismos e teorias vazias.
A inteligência artificial, tão promovida como uma revolução, é, na realidade, um produto do conhecimento humano acumulado ao longo de gerações. Ela só existe porque homens e mulheres dedicados, ao longo da história, construíram os alicerces sobre os quais a tecnologia pode prosperar. Assim, como a inteligência artificial, os gestores mais experientes são peças fundamentais para o desenvolvimento e o futuro do Brasil. Descartá-los é um erro estratégico com consequências gravíssimas.
A urgente necessidade de valorização da experiência e da gestão estratégica no Brasil
O Brasil vive um paradoxo. Enquanto muitos países do mundo avançam pela integração da experiência com a inovação, nossa nação insiste em desprezar o saber acumulado ao longo das décadas. O caso do navio, um recurso que poderia ser transformado em um ponto turístico de grande atratividade, é apenas um reflexo das decisões equivocadas e do desperdício de potenciais que se arrastam em diversas esferas da administração pública brasileira. Ao invés de enxergar nas "carcaças" uma oportunidade de inovação e de valorização de um patrimônio único, opta-se por uma solução simplista e imediatista, sem visão de futuro. Esse tipo de postura reflete não apenas a falta de visão estratégica, mas também a ausência de uma verdadeira cultura de gestão que aproveite o que já existe, ao invés de buscar sempre o novo ou descartável.
Mais do que um exemplo isolado, o caso do navio revela uma realidade muito mais profunda: a negligência com os gestores experientes e a predominância de um modelo de gestão que não leva em consideração as lições que o passado tem a oferecer. A verdadeira inovação não está apenas em criar algo do zero, mas em saber aproveitar o que já está disponível, adaptando e melhorando. Juscelino Kubitschek, ao criar o Centro Administrativo e Político do Brasil, entendeu que a construção do futuro não era uma tarefa isolada, mas uma tarefa coletiva que se construía no diálogo entre o passado e o futuro. Ele sabia que o Brasil só avançaria se aprendesse com os acertos e erros das gestões anteriores e, assim, criasse soluções robustas para os problemas do presente.
Essa valorização da experiência se estende também ao campo tecnológico. A ascensão da inteligência artificial, por exemplo, não é um fenômeno isolado. Ela é a culminância de um longo processo de aprendizagem e descobertas de muitos anos. Ignorar essa trajetória é perder o entendimento sobre como as soluções tecnológicas podem realmente transformar a sociedade. De forma análoga, o desprezo por gestores mais velhos, com sua bagagem de vivência e suas múltiplas experiências, significa abrir mão de uma verdadeira gestão estratégica e sustentável.
A situação do Brasil hoje é um reflexo de um modelo de gestão que, em muitos casos, prioriza a teoria e o "novo" em detrimento da prática, da experiência e do aprendizado acumulado. Isso leva a uma economia estagnada, à criação de políticas públicas ineficazes e ao desuso de recursos valiosos, como o caso do navio, que poderia ser adaptado para fins turísticos, culturais e até ambientais. A falta de uma abordagem integrada entre o que já foi aprendido e as novas possibilidades é um dos maiores entraves ao progresso do país.
Por isso, a valorização da experiência e da sabedoria dos gestores veteranos não deve ser vista como uma resistência à inovação, mas sim como um impulso para que novas ideias sejam mais eficazes, sustentáveis e embasadas em soluções práticas. Em vez de substituir a experiência pela juventude sem vivência, é necessário criar um ambiente onde o conhecimento de quem tem história seja combinado com a energia de quem está disposto a inovar. Esse é o verdadeiro caminho para o Brasil avançar.
O Brasil precisa urgentemente de uma mudança cultural em sua administração pública, onde a sabedoria, o pragmatismo e a experiência sejam considerados pilares fundamentais para a construção de um futuro mais promissor. O desperdício de recursos como o navio, que poderia ter sido um ativo turístico e econômico, é um reflexo de uma mentalidade que precisa ser superada. A verdadeira inovação não é descartável; ela se constrói a partir do aproveitamento inteligente do que já temos, da construção de soluções estratégicas e da valorização daquilo que já foi aprendido.
O futuro do Brasil depende de um novo olhar para a administração pública, onde a experiência dos gestores mais antigos seja reconhecida como um bem precioso, que não deve ser ignorado ou desvalorizado, mas sim utilizado como base sólida para o crescimento e desenvolvimento do país.
Assista ao vídeo ilustrativo:
Vejam como políticos que assumem cargos de administradores e assim conseguem literalmente afundar a economia.