Salta aos olhos, que não precisam ser arregalados como os da coruja, que a dependência do governo Lula com os partidos do centrão vai ficando mais escancarada.
Um bom exemplo é o PSD. O dirigente-mor da legenda, Gilberto Kassab, não passa uma semana sem alfinetar o presidente Lula. Na última, o ex-prefeito de São Paulo disse que o petista não vai se reeleger. A declaração deixou as lideranças do lulopetismo irritadas, soltando fogo pelas narinas.
Lembrando ao caro e atento leitor que o PSD tem três ministros: Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura) e André de Paula (Pesca). Se com esse trio na Esplanada dos Ministérios, Kassab solta o verbo, fico a imaginar se o PSD estivesse fora do governo.
O silêncio do PT diante da metralhadora giratória de Kassab, fiel escudeiro do presidenciável Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, é a prova inconteste dessa dependência, do medo do PSD romper com o governo e se aliar ao PL de Bolsonaro.
Com efeito, só tem um jeito para evitar a debandada do centrão para a oposição aberta ao governo de plantão: uma significativa melhora na popularidade do presidente Lula. Do contrário, um chega pra lá na reeleição é só uma questão de tempo.
Pela lógica, o PL de Jair Messias Bolsonaro, tendo como porta-voz Valdemar da Costa Neto, presidente nacional da sigla, era quem deveria criticar o governo Lula 3, alfinetar o petista-mor.
Valdemar, no entanto, não quer cuspir no prato que comeu. Foi um lulista de carteirinha, bem próximo de José Dirceu. Outro lembrete é que Valdemar é aquele que foi condenado no escândalo do mensalão.
Concluo com um conselho ao presidente Lula: que providencie uma chapa de ferro para se proteger das apunhaladas pelas costas, sem dó e piedade.
PS (1) - E por falar no PL, mais especificamente o da Bahia, uma pergunta deve vim logo à tona: Qual será a posição do ex-ministro João Roma, presidente estadual da sigla, com os deputados federais Capitão Alden e João Carlos Bacelar, que já declararam ser a favor da anistia para os participantes do movimento de 8 de janeiro de 2023 sem que o perdão seja estendido a Bolsonaro, líder-mor do Partido Liberal ?
PS (2) - E aí vem outra indagação: Como vai reagir o ex-chefe do Palácio do Planalto se João Roma ficar ao lado dos parlamentares ? "Entre a cruz e a espada", sem dúvida o ditado popular que mais encaixa no dilacerante dilema do chefe do PL da Boa Terra.
COLUNA WENSE, SEGUNDA-FEIRA, 24.03.2025.
Marco Wense - Itabunense, Advogado e Articulista de Política. Assina a Coluna Wense, publicada diariamente em vários sites e blog da Bahia, a exemplo do PÁGINA DE POLÍCIA e O SERVIDOR.
Coluna Marco Wense/PÁGINA DE POLÍCIA, clique na IMAGEM e acompanhe suas últimas publicações: