O Investigador da Polícia Civil e também diretor do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindipoc), Joan Wanderley, tornou pública uma série de acusações contra um colega de trabalho. Segundo ele, o também Diretor do Sindicato Agrimaldo Souza tem lhe enviado mensagens desde o ano passado contendo importunação sexual, intolerância religiosa e incitação ao suicídio.
De acordo com Wanderley, Agrimaldo tinha conhecimento de que ele realiza tratamento psiquiátrico e psicológico desde maio de 2022, quando sofreu uma crise que resultou em internação. Mesmo assim, teria enviado mensagens incentivando-o ao suicídio. O Investigador também ressaltou que o colega sabia que ele tem um filho autista de seis anos e que, mesmo diante dessa situação, manteve uma postura insensível.
Agrimaldo, além de Diretor Financeiro do Sindipoc, é também diretor da Confederação Brasileira dos Policiais Civis (COBRAPOL) e Coordenador do Núcleo Setorial do Partido dos Trabalhadores (PT) na Segurança Pública da Bahia.
Em seu depoimento, Wanderley afirmou que as mensagens desestabilizaram seu tratamento e agravaram sua condição emocional, levando-o a ter crises recorrentes e dificuldades para dormir. Apesar disso, o investigador conseguiu denunciar o caso às autoridades competentes, onde recebeu apoio e acolhimento.
O caso foi levado à Corregedoria da Polícia Civil, e a denúncia foi acompanhada pelo delegado Corregedor Dr. André e demais testemunhas. Wanderley lamentou o fato de que um diretor sindical, seu colega, cuja função é lutar pelos direitos da categoria, tenha se envolvido em tal situação.
A repercussão do caso pode ter desdobramentos dentro do sindicato e da instituição Policial Civil.
O investigado ainda não se manifestou oficialmente sobre as acusações.
A denúncia de Joan Wanderley expõe um caso grave de assédio moral dentro da Polícia Civil, o que vem se tornando uma constante, levantando questões sobre a conduta de representantes sindicais e o impacto emocional que situações de perseguição podem causar. O desdobramento da investigação será essencial para garantir que casos semelhantes sejam tratados com seriedade e que as instituições competentes tomem as devidas providências.
Abaixo a transcrição na íntegra do vídeo-denúncia do IPC Joan Wanderley:
“Meu nome é Joan Wanderley, sou Investigador da Polícia Civil da turma de 2000.
Também sou diretor sindical do Sindpoc, exercendo o cargo de diretor do interior pelo segundo mandato.
Infelizmente, venho tornar público aos colegas de todas as classes da carreira da Polícia Civil o que tenho sofrido por parte do Investigador Agrimaldo, também diretor do Sindpoc.
Desde o ano passado, antes do mês de novembro, ele vem me enviando mensagens pelo aplicativo WhatsApp, cometendo importunação sexual, intolerância religiosa e incitação ao suicídio. Ele tem conhecimento de que faço tratamento psicológico e psiquiátrico desde maio de 2022, quando tive uma crise, um surto psicótico e precisei ficar internado por sete dias.
Em datas posteriores, fui internado novamente e sigo fazendo acompanhamento psiquiátrico e psicológico, além de utilizar medicações.
Mesmo ciente de tudo isso, ele sequer pensou em me ajudar. Pelo contrário, continua enviando mensagens horríveis de incitação ao suicídio. Ele sabe que tenho um filho autista, de seis anos, pois busquei ajuda no Sindpoc por meio da diretora Normísia, que conseguiu, via Planserv, um tratamento para meu filho. Foi uma luta que já vinha desde o ano passado, e conseguimos agora o tratamento. Ainda assim, ele sequer pensou nisso, sequer pensou no meu bem-estar.
Infelizmente, depois dessas mensagens, houve uma desestruturação de todo o tratamento que venho fazendo. Tenho passado noites sem dormir e, por causa dessas mensagens, venho tendo crises. Mesmo com o uso da medicação, nunca esperava isso de um diretor sindical. Já tornei o caso público e informei às autoridades competentes, onde recebi apoio e acolhimento, graças a Deus.
Não sei como consegui gravar este vídeo, pois no dia em que fui à Corregedoria, não consegui fazer a denúncia. Isso foi presenciado pelo delegado Dr. André, Corregedor, e pelas colegas que estavam lá e me assistiram.
É lamentável que uma pessoa que faz parte do sindicato, cuja missão é lutar pela melhoria da classe e pelo acolhimento dos colegas, tenha tomado essa atitude justamente comigo. Nunca tive problema algum com ele, nunca discutimos. Pelo contrário, sempre estivemos presentes nas assembleias.
Infelizmente, ele desestruturou todo o processo que eu vinha seguindo desde 2022. Agora, terei que continuar com o tratamento. Eu já pensava em receber alta, mas, infelizmente, ele conseguiu me desestabilizar.
É triste, colegas. Essa atitude partiu dessa pessoa sem que eu jamais tivesse feito algo contra ele. Nunca briguei com ele. As mensagens foram voluntárias, mensagens horríveis.
Posso tornar público para quem quiser. Tenho as mensagens e posso mostrá-las.
Infelizmente, essa é uma notícia muito triste.”
INVESTIGADOR GERALDO FILIADO AO SINDICATO COMENTA A SITUAÇÃO
Diante de um escárnio como esse, de algo tão grave, de um fato de extrema gravidade, é inaceitável que permaneçamos em silêncio. A situação relatada é alarmante e expõe a vulnerabilidade de um colega que já não aguenta mais.
No vídeo divulgado, fica evidente o desespero de Coréia, que, de maneira clara, faz um apelo por ajuda. Esse é um verdadeiro pedido de socorro. Ele aparenta estar no limite de sua capacidade psicológica, enfrentando um quadro preocupante de pressão e sofrimento.
Enquanto isso, discute-se, dentro deste grupo, que a reestruturação não pode acontecer. Mas, afinal, qual grupo tem o poder de intervir? Estamos tratando do caso de um colega, um diretor que declarou estar sendo assediado de forma grave por outro diretor. E, pior ainda, essa pessoa já enfrenta uma doença séria: depressão.
Isso é tortura. Ao analisarmos a situação, fica claro que estamos diante de tortura psicológica, um crime inafiançável, imprescritível e de natureza hedionda.
E, diante disso, não podemos comentar? As pessoas têm o direito de saber o que está acontecendo dentro da entidade. Estamos tratando de nossa entidade, de nossa realidade, não de política partidária, pornografia ou futebol. Estamos falando de nossas vidas e do impacto direto que essas situações têm sobre todos nós.
Esse tema precisa ser debatido em todos os grupos, até que haja um pronunciamento oficial por parte do sindicato ou da Cobrapol. Onde estão os dirigentes?
Por que ainda não se manifestaram?
E você, dirigente, qual é a sua opinião sobre isso? Você também tem responsabilidade. Não se omita. Expresse-se!