Ex-comandante questiona decisão do governo e emociona público durante cerimônia
Foi em meio a um clima de tensão e surpresa que o novo comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBM), coronel BM Aloísio Mascarenhas Fernandes, tomou posse nesta segunda-feira (31), no Instituto Militar de Ensino Superior de Bombeiros (IMESB), em Simões Filho.
A solenidade, que contou com a presença do governador Jerônimo Rodrigues, do vice-governador Geraldo Júnior e do secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, foi marcada pelo desabafo emocionado do ex-comandante Adson Marchesini, que questionou sua exoneração e criticou a decisão do governo.
Fernandes, que assume o cargo deixado pelo coronel Adson Marchesini, é soteropolitano e ingressou no Curso de Formação de Oficiais da PMBA, em 1991. Em 1997, realizou o Curso de Especialização para Oficiais Bombeiros na Faculdade de Tecnologia de São Paulo. É bacharel em Ciências Jurídicas e especializado em Segurança Pública. Durante sua carreira, coordenou a tropa do CBMBA que atuou nas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, em 2024. Também atuou internacionalmente como conselheiro técnico policial da missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah), além de ter exercido funções estratégicas como coordenador de Planejamento Operacional de Unidades Bombeiro Militar e membro do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Fiocruz-BA.
Marchesini, que comandou a corporação por quatro anos, foi exonerado na última terça-feira (25) em decisão publicada no Diário Oficial. Durante seu discurso, visivelmente abalado, ele relatou a surpresa com sua saída do cargo e o impacto que a notícia teve em sua família.
"Quando tomei conhecimento que fui exonerado, não vou mentir, fiquei muito triste com o senhor [Jerônimo]. Não tenho raiva, mas aquele sentimento de dor. O que foi que eu errei para ser exonerado do Corpo de Bombeiros, uma instituição que eu lutei?", afirmou, emocionando o público presente.
A fala inesperada criou um clima de desconforto na cerimônia, onde o ex-comandante ressaltou sua dedicação à corporação e a dificuldade em aceitar a decisão. "Eu não dormi aquela noite buscando uma resposta. Aquilo me doeu demais e foi a primeira vez que eu vi minha filha chorando muito", revelou.
Em sua trajetória, Marchesini ficou conhecido pela liderança em momentos críticos, sua postura sempre presente em catástrofes e seu compromisso com a segurança pública fizeram com que sua exoneração causasse estranhamento entre os colegas e a tropa.
A cerimônia também foi marcada pela entrega de uma embarcação e um reboque ao 13º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM) de Amaralina, em Salvador, para atendimento de ocorrências aquáticas. Apesar da relevância do evento, o desabafo de Marchesini acabou dominando as discussões e gerando questionamentos sobre os motivos de sua exoneração.
A troca no comando dos Bombeiros segue a política de renovação dentro das forças de segurança do estado, mas a maneira como foi conduzida a saída de Marchesini levantou debates sobre a transparência das decisões governamentais e o impacto emocional em lideranças dedicadas ao serviço público. Sua emoção durante o discurso revelou não apenas o apego à instituição, mas também a decepção com a forma como sua exoneração foi conduzida.
O momento, que deveria simbolizar uma transição de liderança, acabou se tornando um reflexo da complexidade das mudanças no comando da segurança pública baiana.