Em visita a Salvador/BA, após três anos sem vir à "terrinha", fui com minha esposa ontem (08/04/25), por volta das 20h, visitar o centro histórico, mais precisamente o Pelourinho e o Terreiro de Jesus. De imediato, notei a ausência da Delegacia do Turista, a qual, segundo me informei, está fechada para reparos. Descendo em direção à Praça Tereza Batista — obviamente com toda a precaução e cuidado com os nossos pertences (celulares, carteira etc.) — encontrei uma amiga, proprietária de um estabelecimento comercial centenário no centro histórico.
Ao me ver, ela me saudou e me deu boas-vindas.
Conversamos por alguns minutos e, dentre os temas, surgiu a minha indagação: como estava o comércio e a segurança no centro histórico? Ela me respondeu de imediato:
"Agora você pode andar tranquilo por aqui, não existe mais roubo, furto, nada..."
E, lógico, perguntei a ela:
— Mas como assim? O que aconteceu?
Então ela me disse:
"Depois que a facção BDM tomou conta do centro da cidade, eles proibiram 'os meninos' de roubarem aqui. Se pegarem roubando, é pau, quebram o cara todo. E, se vacilar novamente, morre."
Ouvi com certa perplexidade aquele relato, e fiquei com a sensação de não saber se ria ou chorava. Lembrei da Polícia Civil da Bahia, a qual eu servi por longos trinta e dois anos, e de como éramos respeitados e temidos pela bandidagem — a qual, segundo o relato de minha amiga comerciante, hoje é quem dá as ordens na segurança pública de Salvador.
Continuei meu passeio.
Bebi uma água de coco, ouvi músicas baianas, conversei com outras pessoas e realmente constatei o que havia escutado: a violência parecia ter sumido. Sobrou e restou apenas os loucos, os drogados, os viciados, algumas prostitutas — mas isso, com certeza, é um problema de ação social e muito mais simples de se resolver, diferente do já “resolvido” problema dos assaltos no centro histórico da capital baiana.
Agradecemos a quem? Ao BDM?
Triste Bahia!
Bel Luiz Carlos Ferreira de Souza - Brasileiro, baiano, casado, 63 anos, servidor público aposentado pelo estado da Bahia, atualmente reside no estado do Rio Grande do Sul, com formação técnica em redator auxiliar, acadêmico em História, Direito, pós-graduado em Ciências Criminais, política e estratégia e mestrando em políticas públicas.
Contato: lcfsferreira@gmail.com
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