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Delegado José Magalhães Filho: O Policial de bigode marcante e atuação inflexível

Com uma carreira marcada por coragem, polêmicas e uma personalidade imponente, o ex-delegado e ex-deputado estadual faleceu aos 80 anos, deixando um legado controverso e memorável na segurança pública baiana.

Carlos Nascimento
Por: Carlos Nascimento Fonte: Redação
14/04/2025 às 09h58 Atualizada em 14/04/2025 às 10h21
Delegado José Magalhães Filho: O Policial de bigode marcante e atuação inflexível

Faleceu neste domingo, 13 de abril de 2025, aos 80 anos, o delegado aposentado José Magalhães Filho, um dos nomes mais conhecidos da Polícia Civil da Bahia nas últimas décadas. O sepultamento ocorrerá nesta segunda-feira (14), às 14h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador. A causa da morte não foi divulgada.

Nascido em 8 de setembro de 1944, em Parnamirim (PE), José Magalhães iniciou sua trajetória como assessor jurídico antes de consolidar-se na carreira policial. Ao se radicar na Bahia na década de 1980, ingressou na Polícia Civil, onde construiu uma carreira pautada por ações diretas, métodos polêmicos e um perfil de enfrentamento, características que o tornaram notório — e, por vezes, controverso.

Ganhou ampla visibilidade na década de 1990 como titular da 7ª Delegacia (Rio Vermelho), onde sua abordagem considerada “linha dura” contra o crime lhe rendeu respeito e críticas. Com seu bigode espesso e presença marcante, liderava equipes compostas por policiais de perfil semelhante ao seu — muitos deles apelidados de forma emblemática, como “Rambo”, “Popeye” e “Jiraia” e outros.

O prestígio alcançado nas ruas o impulsionou à vida política: foi eleito deputado estadual em 1994, exercendo mandato entre 1995 e 1999, quando liderou a bancada do PTB na Assembleia Legislativa da Bahia. Sua atuação parlamentar foi discreta, mas coerente com suas ideias de endurecimento penal e valorização do trabalho policial.

Após o fim do mandato, retornou ao trabalho investigativo. Nos últimos anos de carreira, esteve à frente da 19ª Delegacia de Itaparica, onde, novamente, protagonizou medidas controversas, como a proibição do uso de capacetes por motociclistas para coibir crimes. Sua passagem pela delegacia foi marcada também por críticas ao sistema de segurança e à atuação de colegas de profissão, culminando em seu pedido de exoneração e, posteriormente, na aposentadoria.

Não quero virar TQQ. Os senhores sabem o que é TQQ?”, perguntou aos deputados, para ele mesmo responder. “São os delegados do interior que só trabalham terça, quarta e quinta”.

As polêmicas na trajetória do Delegado José Magalhães Filho

A carreira do delegado José Magalhães Filho, embora marcada por firmeza e notoriedade no combate ao crime, foi também permeada por episódios controversos que lhe renderam críticas tanto no meio jurídico quanto na sociedade civil.

Um dos casos mais emblemáticos ocorreu durante sua atuação na 19ª Delegacia Territorial de Itaparica, quando Magalhães determinou, de forma unilateral, a proibição do uso de capacetes por motociclistas na cidade. A justificativa apresentada foi a de que a maioria dos crimes cometidos com motos era realizada por indivíduos com os rostos cobertos. A medida, que contrariava o Código de Trânsito Brasileiro, gerou forte repercussão e motivou reuniões com representantes do Judiciário para tratar da legalidade da decisão.

Outro episódio polêmico ocorreu na Assembleia Legislativa da Bahia, quando Magalhães, em audiência da Comissão de Direitos Humanos, anunciou publicamente seu pedido de exoneração do cargo de delegado, criticando a falta de estrutura da segurança pública estadual. Na ocasião, acusou colegas de trabalharem apenas de terça a quinta-feira — os chamados "TQQs" — e declarou estar abandonando o cargo por não receber o apoio necessário da Secretaria de Segurança Pública, mesmo após sofrer uma tentativa de homicídio.

Sua carreira também foi marcada por um incidente inusitado e de grande repercussão: o acidente envolvendo seu veículo no ferryboat Ana Nery, quando o carro em que estava caiu no mar durante a atracação no Terminal de São Joaquim, em Salvador. O delegado estava acompanhado de uma promotora de justiça e de um policial, mas todos foram resgatados sem ferimentos. O caso mobilizou a Capitania dos Portos e a Agerba para apurar as circunstâncias do ocorrido.

Além disso, enquanto parlamentar, Magalhães foi alvo de um processo movido pelo Tribunal de Justiça da Bahia, relacionado à sua conduta enquanto delegado de polícia. Embora os detalhes do processo não tenham sido amplamente divulgados, o episódio reforçou a imagem de um profissional que frequentemente transitava no limite entre o rigor e a controvérsia.

Esses episódios ilustram o perfil de José Magalhães Filho: um delegado de personalidade forte, ações incisivas e opiniões firmes, que frequentemente optava por métodos próprios, ainda que à margem dos padrões institucionais. Para muitos, suas atitudes refletiam coragem e compromisso com a segurança; para outros, sinalizavam um estilo autoritário e incompatível com o Estado de Direito.

Além das atividades policiais e legislativas, Magalhães foi também delegado da Polinter, coordenador de investigações e autor de projetos de lei que defendiam a redução da maioridade penal e o combate à venda de bebidas alcoólicas em estradas.

José Magalhães Filho encerra sua jornada como uma figura que dividiu opiniões, mas que é, inegavelmente, parte da história da segurança pública baiana. Para muitos, foi símbolo de firmeza e enfrentamento ao crime; para outros, representava uma visão policial marcada pelo excesso e pela controvérsia. Deixa esposa, dois filhos e uma trajetória que reflete os dilemas entre autoridade, legalidade e a luta permanente pela ordem pública. Sua memória permanecerá entre os que viveram os tempos em que seu nome era sinônimo de pulso firme e ação implacável.

Descanse em paz, Delegado Magalhães.

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