Os incansáveis carregadores de piano, da polícia civil, refiro-me aos escrivães e investigadores, estão momentaneamente encantados com o canto da sereia. Ouviram as trombetas cantar que sairiam dos inexpressivos cargos de escrivães e investigadores, e passariam a ser OFICIAIS, pronome de tratamento que demanda um status de maior relevância, já que o tratamento advindo das forças armadas, refere-se a uma casta superior dentro da caserna.
Os pobres dos escrivães e investigadores, parecem, como dizia o velho Raul Seixas, caíram no engodo do "ouro de tolo", pois os futuros oficiais, assemelham-se mais aos oficiais de pedreiro, do que os seus hormônios militares, já que teremos que meter a mão na massa, mexer o cimento, chapiscado a parede e fazer o acabamento. No que tange a essência da nossa função, parece ilegal, vez que o policial que executa a missão, jamais poderá ser autor do procedimento, no máximo poderia fazer um relatório, todavia a felicidade está estampada na face da categoria, a qual deleita-se vislumbrada na esperança de um dia galgar um salário de oficial das forças armadas, mas por enquanto segue com a canela "foveira", típica dos verdadeiros peão de obra.
Bel Luiz Carlos Ferreira de Souza - Brasileiro, baiano, casado, 63 anos, servidor público aposentado pelo estado da Bahia, atualmente reside no estado do Rio Grande do Sul, com formação técnica em redator auxiliar, acadêmico em História, Direito, pós-graduado em Ciências Criminais, política e estratégia e mestrando em políticas públicas.
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(*) A expressão "ouro de tolo" tem origem na mineração e era usada para descrever a pirita, um mineral que possui aparência semelhante ao ouro verdadeiro, mas que não possui valor significativo. Assim, a expressão passou a ser usada de forma figurada para indicar algo que aparenta ser valioso ou vantajoso, mas que, na verdade, é ilusório ou enganoso.
Exemplos de uso:
“A promessa daquele investimento era só ouro de tolo – parecia boa demais para ser verdade.”
“Ele achou que tinha encontrado a solução perfeita, mas era apenas ouro de tolo.”
“A criação do cargo de OIP – Oficial Investigador de Polícia, prevista na Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis, que unifica as atribuições de Investigador e Escrivão de Polícia, foi inicialmente recebida com expectativa positiva. No entanto, diante da ausência de informações claras sobre a remuneração correspondente ao acúmulo de funções, muitos profissionais passaram a considerar a proposta como um verdadeiro ouro de tolo – uma medida que parece vantajosa, mas que pode esconder desvalorização e aumento da sobrecarga de trabalho.”
A expressão também ganhou destaque na cultura brasileira com a música Ouro de Tolo, de Raul Seixas, lançada em 1973. Na canção, o cantor critica a falsa sensação de sucesso e conforto proporcionada por uma vida baseada apenas em conquistas materiais e conformismo.