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A FARSA DA ESTRUTURA POLICIAL: Bastidores do Poder e o Silêncio Conveniente

Enquanto a base se sacrifica, o topo desfruta dos bastidores administrativos e aposentadorias milionárias, sob o olhar complacente do Sindgov.

Carlos Nascimento
Por: Carlos Nascimento Fonte: por CRISPINIANO DALTRO
22/04/2025 às 18h24
A FARSA DA ESTRUTURA POLICIAL: Bastidores do Poder e o Silêncio Conveniente

Por Crispiniano Daltro

Nos bastidores do prédio da Polícia Civil da Bahia, longe das delegacias de polícia e do cotidiano operacional, há um cenário que simboliza o descompasso entre o discurso e a prática institucional. Em salas modestas, com medidas de 3x4 metros, só ocupadas por Delegados de Polícia Civil (DPCs), vê-se um retrato estarrecedor da má gestão: servidores sentados frente a frente, lado a lado, em cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS), sem auxiliares, sem técnicos, desempenhando supostas “funções estratégicas” durante o horário administrativo.

Enquanto isso, os Investigadores (IPCs), Escrivães (EPCs) e Peritos Técnicos (PTPCs) seguem sobrecarregados nas unidades de ponta, assumindo responsabilidades, mas sem autonomia administrativa e autoridade devidas, por falta de um simples Sistema de Ascensão Profissional – uma lacuna jurídica e operacional provocada intencionalmente pela ausência de DPCs nas escalas de plantão. Tal cenário resulta na paralisação prática das DPs, pela falta do IPC - Comissário, pois apenas o delegado detém o poder de direção. E o que faz o Sindicato?

Nada...

O outrora combativo Sindpoc  tornou-se a partir de 2008 o apático Sindgov, uma entidade silenciosa, conivente com o status quo, indiferente à realidade da base que diz representar. A publicação, no Diário Oficial do Estado (DOE), das aposentadorias recheadas de penduricalhos – como salários noturnos, horas extras e outros adicionais – é uma afronta. Esses valores, muitas vezes, superam os vencimentos integrais e GAPs de servidores operacionais. E tudo isso ocorre sob os olhos desse Sindicato, sem qualquer reação.

Vale salientar que alguns dirigentes do atual Sindgov recebem, conforme estatuto, um salário paralelo, cujo valor a categoria desconhece – pois transparência, ali, virou brincadeira de pitibiriba. A falta de transparência no  sindical é mais um reflexo da distância entre a cúpula e a base. O que era para ser um instrumento de luta se converteu em um balcão de conveniências.

Não é possível naturalizar essa estrutura perversa. O mínimo que se espera é que esses representantes denunciem formalmente essa situação junto ao Tribunal de Justiça (TJ), Ministério Público Estadual (MPE), Governadoria, Assembleia Legislativa (ALBA), Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a imprensa. Uma atuação sindical responsável exige enfrentamento, não silêncio.

Sugere-se, inclusive, uma ação simbólica: no dia de entrega de qualquer pauta, realizar um ato político na Piedade, porta da Sede da Polícia Civil. Ao microfone, chamar pelo nome cada Delegado que entrar no prédio, expondo seu cargo e função. Distribuir um organograma atualizado da Polícia Civil e da Secretaria de Segurança Pública (SSP) para a imprensa, com os salários comparativos, as publicações do DOE, e a verdadeira face da gestão institucional. É hora de jogar luz sobre os que se escondem atrás da burocracia e do prestígio.

Guerra é guerra – e silêncio não é estratégia, é covardia

Não se trata de ataque pessoal. Trata-se de enfrentar uma guerra com as armas disponíveis: a exposição, a verdade e a pressão pública. 

A Polícia Civil da Bahia não pode mais ser refém de interesses elitistas e de um Sindicato domesticado. Se não houver resposta às demandas legítimas da base, que haja enfrentamento.

O Sindpoc pode fazer. O Sindpoc deve fazer.
O que não pode – e não deve – é continuar utilizando óculos de couro, conduzido sob chicote, calado... 

Crispiniano Daltro
Policial Civil e servidor em defesa da base

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CRISPINIANO DALTRO..
CRISPINIANO DALTRO..
Administrador, Pós graduado em Gestão Pública de Municípios pela Uneb/Ba, coordenador e professor do curso de Investigador Profissional ministrado pela Facceba, ex-Presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia - SINDPOC, ex-Coordenador Geral da Federação dos Trabalhadores Público do Estado da Bahia – FETRAB e Investigador de Policial Civil. E-mail: crispinianodaltro@yahoo.com.br | Whatsapp: (71) 99276 - 8354
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