Por Telma Lino (EPC)
Eu não sei como as coisas chegaram a esse ponto. Acho mesmo que toda raiva, ódio ou ressentimento estavam adormecidos, essa animosidade que está eclodindo agora entre os negros e brancos, pobres e ricos, a velha dicotomia, como os judeus na Alemanha pós Guerra.
Alguém tem que ser o culpado.
O bode expiatório.
Hoje, nós estamos vivendo um período de retrocesso tão grande que o nosso único avanço será chegar ao estado em que já estávamos e quando acontecer, se é que vai acontecer, ainda agradecer por isso, Infelizmente, são os fatos, e eu só estou sendo realista. E foi para que isso não acontecesse que durante essa semana me dei um intervalo e voltei as minhas origens, postei aqui os cursos sobre a grandeza da Civilização Africana, Terra Mãe da Humanidade, de onde meus ancestrais foram trazidos em cativeiro para contribuir um império e depois relegados a espaços sombrios, dispensados sem honra, reconhecimento, nas sarjetas das Favelas, da miséria e da fome de um país em que "se plantando tudo dá".
E deu.
Estamos acompanhando.
Eu sou transgressora, por definição, meu espírito é livre, mas eu não gosto de extremos, acreditem.
Não estamos preparados para uma Guerra Civil nesse momento e eu não desejo isso em momento algum porque simplesmente eu amo meu país em suas proporções continentais, de várias estações, climas, solos, cores, riquezas, belezas, alegrias, tristezas, diversidades. É o que nos define aqui dentro e lá fora, nos torna únicos, como a palavra saudade. É nossa e pronto.
Aproveito a deixa da palavra e volto para meus escritos do início da semana, banhados de tristeza (banzo). Nós, e quando eu escrevo nós, me refiro ao negro, preto, homem e mulher de cor desse país, só queremos respeito.
Porque para além da cor da pele tem a educação, o caráter, os princípios.
O nosso maior problema é que para nós negros e negras desse país ou pretos e pretas, como queiram, tudo é pele e a pele acaba nos definindo. É por isso que lutamos por igualdade.
É por isso que nossos filhos, netos, bisnetos...continuaram lutando porque o ser consciente, político sabe que a questão é de pele antes de qualquer outra coisa, se não fosse assim esse homem não estaria morto.
E quando eu digo "esse homem" eu não estou me referindo ao que vocês estão vendo na excelente matéria do programa Encontro com Fátima Bernardes, exibida abaixo sobre a morte do cidadão João Alberto Silveira Freitas num Supermercado da Rede Carrefour, no Estado do Rio Grande do Sul, nesse mês de novembro que seria ou deveria ser da Consciência Negra.
É o que você e eu não estamos vendo no momento em que escrevi esse texto, no momento em que você está lendo, durante todo o dia, hora, minuto, segundo, neste país chamado BRASIL TERRA DE TODOS NÓS!!!!!!
Telma Lino, 26/11/2020
Encontro com Fátima Bernardes - 2a-feira, 23/11/2020