Nos últimos dias, o Brasil tem acompanhado perplexo a caçada a Lázaro Barbosa, um assassino que atua no Entorno do Distrito Federal e leva terror a famílias que moram em chácaras do interior de Goiás. Ele já invadiu propriedades, roubou carros e armas, estuprou, trocou tiros com a polícia e até matou uma família inteira em Ceilândia. A mídia e alguns psicólogos têm descrito o criminoso como psicopata. Ou seja, um indivíduo clinicamente perverso, com distúrbios mentais graves e sem capacidade de nutrir sentimentos de empatia.
As buscas pelo homem já duram mais de duas semanas, e policiais militares, rodoviários, civis e federais montaram um grande cerco, com mais de 10km² de atuação. Ainda assim, Lázaro segue foragido: ele se embrenha pelas matas, se abriga no alto de árvores, se esconde nas margens dos rios ou se refugia em galpões desocupados.
Não resta a menor dúvida que esse homem precisa ser preso o mais rápido possível, pois há risco de que ele mate outras pessoas. Nesse sentido, as forças policiais precisam se empenhar ao máximo para capturá-lo.
Entretanto, as operações de busca e captura do criminoso tomaram um rumo indesejável. O que temos verificado é a espetacularização da operação policial. Diariamente, os jornais e emissoras de televisão cobrem o caso. Os repórteres são compelidos a produzir histórias e imagens para alimentar a curiosidade do grande público. Entrevistam populares, policiais e especialistas das mais variadas áreas.
Obviamente esse tipo de situação atrapalha o andamento das operações. A cada dia que passa, as autoridades policiais sentem-se mais pressionadas. Chegaram a alegar que se trata de questão de honra a captura de Lázaro. Para isso, estão sendo empregadas centenas de policiais. Já são cerca de 400 policiais e bombeiros envolvidos na operação. Só para comparar, os municípios que formam a região do Entorno do Distrito Federal contam com cerca de 600 policiais ao todo.
Obviamente, isso implica em problemas adicionais de coordenação. Por mais que se esforcem, os policiais responsáveis pelas operações acabam por perder a racionalidade operacional que a situação exige. Afinal de contas, a operação também se tornou uma competição entre as polícias.
No fundo, não se pode culpar a mídia e tampouco os policiais envolvidos. O responsável pela confusão é Rodney Miranda, Secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás. Miranda deveria ter tratado a operação de busca com cautela e sigilo, apoiando os policiais com os meios necessários, afastando-os dos holofotes. Mas ele não aguentou. Movido por ambições políticas, Miranda inicialmente tentou tentar ganhar mídia e atrair os holofotes. Ele é pré-candidato a deputado federal.
Agora a situação ficou insustentável. A pressão é enorme e o risco de vexame é grande. Os policiais não mereciam isso. E, para piorar, a população continua em pânico, com medo dos ataques do assassino.
Fonte: fontesegura.org.br